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terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Casa cheia em dia de dérbi

"Num 'dos mais ansiados espectáculos da época', milhares de pessoas rumaram à Luz. A romaria começou cedo. A festa terminou tarde e de encarnado.

No dia 10 de Abril de 1960, 'Lisboa viu desfilar a mais garrida romaria de que há memória', De toda a parte surgiram pessoas ostentando bandeiras encarnadas ou verdes. Mulheres, homens e crianças percorreram, 'ao sol já escaldante, os caminhos' em direcção ao Estádio da Luz.
Era domingo, era dia de futebol e, sobretudo, era dia de Benfica-Sporting. Mas, se isso bastaria para atrair a multidão, o facto de os clubes terem apenas um ponto de diferença a três jornadas do fim do Campeonato Nacional aumentou ainda mais o entusiasmo em torno do jogo.
Lisboa foi pequena para acolher tanta gente. Do Minho ao Algarve, milhares de pessoas rumaram à capital para assistir a 'um dos mais ansiados espectáculos da época'. Como referiu o Mundo Desportivo, 'Lisboa, cidade cosmopolita, sentiu (...) o poder do futebol (...) Na baixa, (...) nem um só quarto havia para alugar. As modernas pensões dos bairros novos ficaram (...) a transbordar. As acomodações foram insuficientes'.
Entre os milhares de adeptos 'encarnados' que aguardavam o início do dérbi, 'destacava-se um homem, de cerca de cinquenta anos de idade, que, pelo seu «todo», chamava as atenções gerais'. Vestido a rigor, ostentava ao peito um emblema e um galhardete do Benfica e, na mão, exibia a bandeira que lhe havia sido oferecida pelo presidente do Clube, Maurício Vieira de Brito. Era Guilhermino Pires Geraldes, um benfiquista de Castelo Branco que, orgulhoso, declarou ao jornal A Bola: 'Fui o primeiro a chegar aqui. Eram cerca de sete horas. Podia ter vindo mais tarde, mas (...) não estava a fazer nada na cama...'.
Às 16 horas, teve início o tão ansiado desafio. E, noventa minutos depois, 'foi como que uma explosão diabólica'! Com uma vitória por 4-3, o Benfica terminava a vigésima quarta jornada sem nenhuma derrota.
Seguiu-se a festa. Houve 'pulos e abraços de alegria', soaram foguetes, agitaram-se bandeirinhas e o 'clássico «Benfica! Benfica! Benfica!»' soou pela noite fora.
Roland Oliveira esteve lá e fotografou. À sua objectiva não escapou nenhum pormenor do dia. Fotografou a romaria de adeptos em direcção ao Estádio, as bancadas atulhadas de gente, os jogadores em acção, a festa 'encarnada' e até fotografou Guilhermino.
Pode ver estas e outras fotografias na exposição Roland Oliveira, em exibição na Rua do Jardim do Regedor, em Lisboa."

Mafalda Esturrenho, in O Benfica

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