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sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

“É difícil curar ou mudar um racista, mas isto tem de deixar de ser normal, já não estamos para papar estas coisas”

“O que aconteceu com o Marega lembrou-me o que ocorreu no Estádio da Luz, num jogo entre o Benfica e o Barcelona, em 2006. Estava com o meu irmão e um grupo de amigos atrás da baliza do Benfica e mal o jogo começa, um grupo que estava ao pé de nós começa a imitar o som de macacos sempre que o Eto’o – que jogava no Barcelona na altura - tocava na bola. Eram pessoas normais, adultos. E não eram das claques. Dissemos-lhes para pararem com aquilo, que não era fixe. E eles responderam que faziam o que quisessem. Em menos de nada começou tudo à batatada e eu agarrei-me a um gajo que se agarrou a mim, caímos para o lanço de baixo da bancada, ele cai por cima de mim e desloquei o ombro. Nunca mais ficou bom e tive de ser operado. Aquilo não durou mais de cinco minutos mas não vi nada do jogo porque tive de ir para o hospital.
Infelizmente, por aquilo que tenho visto, especialmente em campeonatos como o de Itália ou da Rússia, a situação do Marega não me surpreendeu totalmente. O mais espantoso é que em vez de terem sido quatro ou cinco adeptos ter sido tanta gente a ter aquele comportamento. Ele fez o que tinha de fazer e as pessoas têm de perceber que este tipo de comportamento tem de ter consequências graves para quem os comete. Foi mais do que antidesportivo, foi mesquinho e vergonhoso, de uma baixeza incrível. E o Marega não esteve para estar ali a suportar aquilo. Fez bem.
Espero que alguma coisa mude depois disto e que os adeptos que imitaram macacos sejam identificados e castigados. Estamos em 2020, há câmaras por todo lado e se quiserem as autoridades podem identificar os responsáveis. Não digo que sejam banidos para sempre do futebol, mas por uns bons anos sim. Porque não?
Sabendo que existe muito racismo no futebol, como em toda a parte, também acredito que nem todos os que imitam macacos sejam racistas. Eu fui criado num ambiente machista em que era normal fazer piadas sobre gays e se quero ofender um gajo chamo-lhe paneleiro e não sou homofóbico. Por outro lado, não uso esse termo para ofender gratuitamente um gay. Alguns portugueses brancos também foram criados num contexto em que era normal fazer piadas sobre os pretos burros. Eu lembro-me que o Samora Machel morreu e no dia seguinte já se contavam anedotas na escola. Isso não faz de todos racistas, mas o chip está lá.
Para o Marega, ou para quem seja alvo daquele comportamento, isso não faz diferença nenhuma. Vai sentir-se sempre alvo de um insulto racista, com razão para tal, e tem de haver uma sensibilização forte para isto. É difícil curar ou mudar um racista mas isto tem de deixar de ser normal. É inadmissível e já não estamos para papar estas coisas. Tem de parar.”

1 comentário:

  1. O Marega tem grande culpa no que aconteceu. Depois de marcar o 2º golo, em vez de ir festejar para junto dos seus adeptos, preferiu ir junto dos adeptos do Guimarães, provocando-os com piretes sucessivos, gestos de ódio.
    Toda a gente sabe como são os adeptos do Vitória em casa, ele devia saber porque jogou lá. Eu também já lá estive.

    Aproveito para descrever um caso semelhante que aconteceu num Beira-Mar-Benfica que o Benfica ganhou. No fim do jogo, o Renato Sanches foi o último dirigir-se ao balneário e vinha com o tronco nu depois de dar a camisola a alguém.
    Os adeptos do Beira-Mar colocaram-se á entrada do túnel a fazer os mesmo sons que fizeram ao Marega. Renato, a rir-se, começou a imitar um gorila, a bater no peito às gargalhadas, e aquilo tudo acabou na galhofa entre ele e os adeptos.

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