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quarta-feira, 13 de novembro de 2019

Europa...

"As competições europeias de clubes são, e no futuro serão ainda mais, uma realidade cada vez mais distante da mira dos clubes portugueses que nelas participam, e que em alguns casos ainda alimentam sonhos de sucesso sem qualquer motivo.
Não é segredo para ninguém que os actuais modelos da Liga Europa, e muito especialmente da Liga dos Campeões, criaram realidades competitivas destinadas a premiarem com troféus apenas os grandes clubes europeus, que garantem enormes retornos publicitários às marcas patrocinadoras das competições. Para isso, precisam de ter orçamentos de muitos e muitos milhões, contando desta forma com os melhores jogadores para terem reais hipóteses de vencerem as competições.
E por isso quando os “pelintras” dos clubes portugueses tentam competir com os colossos espanhóis, ingleses, alemães ou italianos (já que em França apenas o PSG compete a esse nível de topo) podem até conseguir um ou outro bom resultado neste ou naquele jogo da fase de grupos, mas quando o apuramento depende da regularidade em seis jogos ou de um “mata mata” em duas partidas, é certo e sabido que a eliminação é o resultado mais que certo.
Porque o dinheiro manda e no futebol manda a dobrar, sem querer entrar em detalhes quanto ao conceito…
E se assim é no presente, em que às equipas portuguesas ainda é permitido participar em plano de relativa igualdade com os tais colossos europeus, no futuro tudo se prevê mais complicado face à vontade da UEFA (leia-se das empresas patrocinadoras) em criar competições de clubes à escala europeia com recurso a várias divisões, em que o poderio económico não será seguramente alheio.
E aí não terão as equipas portuguesas a mínima possibilidade de fazerem uma “gracinha”, ainda que de longe a longe.
Aliás, se olharmos para a jornada europeia da passada semana perceberemos, se o quisermos fazer, que essa realidade está mais próxima do que se pensa. Olhemos o Benfica, o único clube português na Liga dos Campeões.
Joga quase para cumprir calendário, porque mesmo equipas de terceiro plano europeu, como o Lyon, lhe ganham com relativa facilidade (eu sei que na Luz ganhou o Benfica, mas com um brinde natalício antecipado em gentil oferta de Anthony Lopes) e o remetem para a contingência de ser relegado para a Liga Europa ou nem isso.
E tem sido essa a sua história de vida nos últimos anos. Olhemos o Porto…
“Cliente” habitual da Liga dos Campeões, que este ano nem a uma pré-eliminatória com o anónimo (em termos de competições europeias) Krasnodar conseguiu resistir, está em enormes dificuldades para conseguir o apuramento para a fase seguinte num grupo da Liga Europa em que anos atrás passearia sem qualquer dificuldade.
E quando se fala de Benfica e Porto fala-se dos dois mais fortes clubes portugueses, “clientes” certos das competições europeias e os únicos que nelas já conquistaram troféus, que estão agora na Europa a confrontarem-se com uma realidade bem diferente daquela que semanalmente encontram no nosso campeonato.
Porque, para além de encontrarem adversários mais fortes futebolisticamente e mais poderosos economicamente, não encontram árbitros tão condescendentes com os seus interesses, nem VAR tão vesgos nuns lances e com olhos de lince noutros, nem órgãos disciplinares tão díspares na aplicação das mesmas leis aos participantes das mesmas competições, nem sequer o constante colo de uma imprensa que os protege e condiciona quem os defronta.
E por isso, e cada vez mais, as equipas portuguesas de topo irão à Europa cumprir calendário, recolher uns trocos de uma vitoria aqui e uns empates ali, mas nada mais poderão almejar do que tentarem passar as fases de grupo que serão os “troféus” doravante ao seu dispor. E os outros?
O Sporting e o Braga, que até estão a fazer excelentes fases de grupo, e o Vitória que tem rubricado excelentes exibições, mas sem a correspondência nos resultados. Que papel lhes está destinado?
Mais o Sporting por razões históricas e de dimensão, menos os outros dois (ou outros clubes que se apurem para a Europa), a sua ambição passará por um ou outro apuramento para a Liga dos Campeões, e quando isso não for alcançado por fazerem na Liga Europa o melhor possível que será, necessariamente, a ultrapassagem da fase de grupos.
É a Europa que nos resta! Até ao dia em que o poder económico dos patrocinadores das provas nos retire essa Europa e nos remeta para a segunda ou terceira divisão das competições do velho continente.
Não será amanhã.
Mas também não será muito depois."

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