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domingo, 20 de maio de 2018

A Taça é uma festa

"Ao longo da semana pouco se falou desta final. De quão bonito é aquele espaço. Falou-se, tão só, da dúvida acerca da sua realização.

1. Hoje disputa-se mais uma final da Taça de Portugal. De um Taça de todos. É que a Taça é uma festa. E é, também, uma competição inclusiva. Mesmo que não tenha havido antevisão desta final. De uma Taça que acolhe, no Jamor, e pela primeira vez, o Desportivo das Aves e que recebe, uma vez mais, o Sporting Clube de Portugal. Mas é uma edição singular. Onde alguma diplomacia de última hora permitirá, acredito, a presença institucional mais relevante de Portugal. Ao longo da semana pouco se falou desta final. De quão bonito é aquele espaço. Falou-se, tão só, da dúvida acerca da sua realização. Os seus patrocinadores só terão algum efectivo retorno ao longo deste domingo. E com a secreta esperança que não haja nenhuma distracção que perturbe, ainda mais, esta festa do futebol. O Desportivo das Aves bem merece uma saudação especial. Foi silenciado e quase que ignorado. A agenda mediática foi absorvida pelo Sporting, pelo seu Presidente, pelos incidentes de Alcochete e pelas diferentes presenças judiciais. Vimos conferências de imprensa bem longas, directos dos tribunais, múltiplas intervenções de apaixonados e delicadas e dedicados sportinguistas. Portugal quase que congelou todas as outras notícias, mesmo outras desportivas, e ferveu com suspeições e indícios, comentários e análises, ponderações e provocações, lágrimas e lembranças, críticas e excessos, fanatismo e maledicência, originalidades e novidades. Estas bem subjectivas e com ajustes de contas que arrepiam e perturbam. Mas em que, assumo-o, e em certos casos, há estórias que mereceram vir à luz do dia. É que há viscondes e condes, de todas as cores, que só no futebol é que são virgens. Mas, acima de tudo, com a Vila das Aves e o seu clube de referência a serem ignorados como se não tivessem o direito - sim o direito-dever - de serem lembrados e referenciados, reconhecidos e respeitados. O que ocorreu fica, como registo único, na história do futebol português. Como esta semana bem especial, surpreendente, sofrida, muito triste. Em que o referenciado talento português do faz de conta tomou conta de tudo e de todos. De todos mesmo.

2. Peço desculpa mas não é necessária nenhuma Autoridade para a Violência. Conheço demasiado bem o sistema existente para o proclamar. Bem seu que há personalidades que a desejam para que a respectiva instituição tenha, em tese, mais atribuições e competências. Gostam de inchar. Por tudo e para nada. E há outras que não podem esquecer que o que falta, de verdade, é uma resposta integrada para a prevenção da violência e que esta, hoje em dia, não se circunscreve apenas aos estádios. E que deve abarcar as ditas academias ou os novos centros de treino. O que falta, entre nós, é a aplicação efectiva das leis existentes e uma efectiva cooperação entre todos os actores desportivos e, logo, a responsabilização de cada um deles. O que importa eliminar, com efectiva visibilidade, é a percepção da impunidade perante actos e factos já previstos na legislação existente. Seja interna seja, mesmo, e por recepção, da internacionalmente relevante. O que falta é o compromisso dos diferentes dirigentes dos clubes - sim dos clubes! - para a aplicação, no seu seio, das normais em vigor. O que falta é uma fiscalização rigorosa dos mecanismos empresariais que as claques suscitam e multiplicaram. O que falta é que a Entidade da Comunicação avalie, em tempo, se o direito à informação se compatibiliza, nos momentos actuais, com a preservação dos «direitos de liberdade, segurança e justiça». O que falta é que o conjunto das entidades reguladoras portuguesas funcionem a tempo, com indiscutível celeridade, e com mecanismos sancionatórios que doam e que não entendidos, apenas, como pequenos ou meros beliscões. O que não falta é, aqui, animar a malta. E sabendo nós todos que aqueles que não berram, não injuriam ou não ofendem são afastados, com motivações bem especificas e justificações que o tempo esclarece. É que o tempo vai a passo mas nunca adormece. Sabendo nós desde Julien Green que «tudo o que é excessivo é insignificante»! E também já Aristóteles nos ensinava, há séculos, que «o tempo consome as coisas, e tudo envelhece com o tempo». Tudo mesmo!

3. O Benfica conquistou ontem o título nacional de juniores em futebol. Venceu categoricamente o Leixões e a equipa de João Tralhão - parabéns, meu caro! - volta a erguer um troféu que evidencia a qualidade das formações da Academia do Seixal. Onde admiramos, entre outros, David Tavares, Gedson Fernandes, João Filipe ou Florentino Luís. Mas esta imensa qualidade centra-se, hoje, permitam-me a ousadia, em dois jogadores. Um que vai integrar, com todo o mérito, o conjunto dos escolhidos de Fernando Santos: Rúben Dias. O outro que vai ser uma das grandes revelações, acredito, da próxima época desportiva: João Félix. E olhando, com um misto de saudade e de orgulho, e por exemplo, para Bernardo Silva, Manuel Fernandes e Gonçalo Guedes e desejando-lhes um Mundial pleno de êxitos pessoais e desportivos! Como a toda a equipa, a toda a estrutura, da Federação. Da directiva à técnica. Com Fernando Gomes, Fernando Santos e Cristiano Ronaldo como referências cimeiras.

4. Ontem, a festa da Taça de Inglaterra foi bonita. Estádio cheio. Ambiente com cor e com múltiplos sons. Emoção até ao fim. O Chelsea ganhou ao Manchester de José Mourinho. Acredito que a nossa Federação hoje no Estádio Nacional tudo fará para que a nossa Taça seja igualmente uma bonita festa. Com cor e sons. Uma festa fora e dentro daquele Estádio que é a expressão do futebol de todos. A Taça tem de ser uma Festa. E quem a perturbar deve ser sancionado.

5. Um cumprimento bem especial à GNR e à PSP. Com um trabalho, nos últimos dias, que merece ser vivamente reconhecido. Como também à Polícia Judiciária nas pessoas do seu ainda Director e do seu futuro Director. Com a consciência que este último sabe bem, desde sempre, e com Sófocles, que «o êxito depende do esforço»!

6. A Taça de Portugal é uma Festa. Uma festa do futebol e uma festa com Amigo e Amigas. Com paixões diferentes mas com verdadeiro amor ao futebol."

Fernando Seara, in A Bola

3 comentários:

  1. O inimitável F.Seabra vem-nos com mais uma " arte de bem ENGRAXAR E RASTEJAR ", ditribuindo bons pontos para todos os lados e disparando balas em branco para a atual "ambulância sportinguista"...porque é moda . Não esquece o Futebol do estrangeiro, provando estar na onda, e mesmo os outrora torcionários da GNR e PSP, têm direito á escova. Louvores para o "staff" das Seleções e para F.Gomes da FPF, e para a "côr ,o son e apaixão" na Taça de Inglaterra , provando, com estas frases arrojadas, que a coragem em jornalismo não é palavra vã, só estando ao alcance dos melhores. Dá uma "dentada" em António Costa por causa da intenção deste em crear MAIS UMA "Autoridade para a Violência", só por gostar de "inchar"(?), e não esquece as eruditas alusões literárias aos Gregos, Aristóteles e Sófocles, assim como ao Inglês Graham Greene; autores, cuja obra , ninguém tenha dúvidas, compõe uma boa parte parte da Biblioteca Pessoal de Cristiano Ronaldo e de qualquer reles adepto de Futebol que se respeite. Um dia gostaria de saber qual o segredo de F.Seabra para uma Coluna Vertebral tão maleável, e também que ele nos esclareça, finalmente, sobre o que estava "por debaixo" daquele célebre almoço , no Gambrinus sff., na companhia sa sua ex. Judite de Sousa, do (ex.Dr.?)Miguel Relvas, e do Campeão Máximo da Esquiva, em todas as Categorias, J.N.Pinto da Costa. Falou-se que serviria de apoio para as suas candidaturas, para a FPF ou para a CMLisboa...o que não se veio a realizar, privando-nos, injustamente, de mais algumas cenas hilariantes. Se alguém ler este texto, poderá pensar que eu não gosto do Fernando Seabra e efetivamente...é o caso.

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  3. Retificação e pedido de desculpas: Onde se lê "Seabra"
    (José Augusto SEABRA, militante do antigo PPD, Professor Universitário, Ministro da Educação e também da Cultura, Embaixador de Portugal na UNESCO , falecido em Paris em 2004...) , deve ler-se SEARA, claro. Quem perdeu tempo a ler a minha "singela homenagem" a Fernando SEARA terá retificado por ele mesmo.

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