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terça-feira, 1 de dezembro de 2020

Um adepto impaciente


"A taça da conquista europeia de 1961 foi o ex-líbris da Feira Popular

'A vida não é medida pelo número de vezes que respiramos, mas pelos momentos em que perdemos o fôlego'. O dia 31 de Maio de 1961 foi um desses momentos, um marco transversal a todos os adeptos do Benfica, independentemente da idade. Se para os mais novos, que vivem o futebol com a mesma intensidade de um primeiro amor, o dia ficaria para sempre gravado nas suas memórias, para os mais velhos era o regozijo do valor do feito que se tinha alcançado. A verdade é que, para ambos, o êxtase da conquista da Taça dos Clubes Campeões Europeus perduraria!
Quase dois meses depois, estava-se em pleno verão, estação do ano preferida da maioria das pessoas e em que todos os temas que despertam o interesse e debates acérrimos ao longo do ano parecem ficar em suspenso, dando lugar às tardes de sol e praia. No entanto, o verão de 1961 foi diferente dos anteriores. O troféu da maior competição europeia de clubes, que nas edições antecedentes tinha conhecido apenas um destino, Madrid, continuou a vir para a Península Ibérica, mas dessa vez para ficar em Lisboa. Exposto no pavilhão do Benfica na Feira Popular, o troféu tornou-se o grande chamariz do evento.
Junto à porta do local, estava um adepto do Clube, de apenas seis anos, na companhia dos seus pais. Tudo parecia normal, não fossem faltar duas horas para a abertura de portas! Não havia quem conseguisse demover o rapaz do seu objectivo: 'vim cá para ver a «Taça dos Campeões Europeus» e quero ver'. O pai, agastado com a situação, ainda o conseguiu levar dali, mas dez minutos depois o miúdo estava de volta, numa 'incomparável demonstração de teimosia'.
Entretanto, o garoto reparou que a porta estava semiaberta e, ao espreitar, deu conta de lá estar um empregado. Nessa altura, o pai passou de dissuasor a colaborador, e perguntou se era possível o jovem ver o troféu, ao que o empregado acedeu. De rompante, o jovem benfiquista 'mergulhou desvairado para dentro do pavilhão' e viu a tão aguardada taça. 'Cá está ela! - gritou cheio de natural alegria. E saiu correndo e dizendo «já vi, já vi»'. Meses depois, o troféu continuava a dar alegrias aos benfiquistas, levando à Feira Popular 'milhares de pessoas em cada noite, velhos, crianças, homens e mulheres. E todos acabavam por aglomerar-se em frente da «tal Taça»'."

António Pinto, in O Benfica 

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