"«Se quiserem levar a outra equipa ao colo...», afirmou peremptoriamente o técnico do Porto, após o galo cantar três vezes em Barcelos.
A outra equipa? Primeiro pensei no Gil Vicente. De facto, era a outra equipa, só não entendi o colo. A seguir lembrei-me do cipriota Apoel. Mas logo achei quão impossível é ganharem a Champions, mesmo que num colo de ouro. Depois surgiu-me na mente a Académica, que está a um passo de chegar ao Jamor, ao colo da Oliveirense.
Mas não. A outra equipa tem um nome que escalda a língua do até aqui envernizado Vítor Pereira: Sport Lisboa e Benfica. Um fulminante ataque de amnésia que, por paixão ou galo, o impediu de se lembrar de tão ignoto adversário. É assim a memória: selectiva, abrasiva e reprimida.
Já quanto à costumeira expressão «levar ao colo», o treinador ficou-se pela vulgaridade contumaz. Prejudicado pelo árbitro no jogo de domingo (o que, só por si, não justifica o desaire), recai nas amnésias. Por exemplo, esquece o conveniente penalti na 1º jornada em Guimarães, obra de Benquerença, assim como, em casa e contra o incómodo Gil Vicente, olvida um penalti inventado por um tal Rui Silva e um vermelho directo transformado num pálido amarelo para Otamendi aos 5 minutos.
Por fim, percebo a frustração de o Porto não ter igualado o recorde (da «outra equipa») de jogos consecutivos sem perder. Tal e qual como no ano passado e depois de notável liga sem derrotas, ter também ficado aquém do recorde de 38 vitórias e dois empates da mesma «outra equipa», então por força de um intruso Paços de Ferreira.
Sempre a obsessão com a tal «outra equipa»..."
Bagão Félix, in A Bola
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