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terça-feira, 21 de novembro de 2023

‘Gegenpressing’, esse vinho de mesa


"Portugal está longe de ser país de oportunidades. Não o é de todo para os seus, a não ser que o destino possa ser adquirido por um fundo de investimento ou funcionar como contrapeso de alguma coisa.
Uma mão lava a outra. Nisso, a tuguice é de valor.
Vejam Martínez. Ao terceiro jogo, já lhe pediam filet mignon e mal conseguia encontrar palavras no dicionário sem se perder na tradução.
Olhem para Conceição. Depois de tantos títulos, ainda lhe ameaçavam a família, apontavam o dedo aos filhos.
Atentem em Amorim e naquele campeonato raro que deixou de certeza o modelo esgotado. Quadrado, por culpa do sistema.
Espreitem também Schmidt. Ainda há dias festejava no Marquês e já pedem que varra as serpentinas e faça as malas porque, afinal, não percebe nada disto. 
São folgas a mais.
É preciso meter criativos. Ou, se calhar, melhor que sejam menos.
Pressionar mais ou, se calhar, não pressionar de todo.
Despedi-lo, sim, definitivamente.
Na verdade, há sempre muitos que pouco entendem ou querem entender. Que pensam no futebol como atletismo e pecuária, já que não se corre pelos campos fora e se come sempre a relva. Ou que garantem inclusive que uma bofetada bem dada leva a que se melhore com o medo.
É preciso ser veloz, passar rápido, correr latifúndios, fazer tudo à pressa, porque devagar nunca se foi ao longe. E, que raio, o homem já falava era português!
Jogava de vez com três médios e dois pontas de lança! Pedra, papel, tesoura: o 4x3x3 anula o 3x5x2, que bate o 4x4x2 sem extremos... Sabiam?
Se Ferguson tivesse treinado por cá seria um David Moyes. Klopp estaria arrumado após a primeira implosão e o gegenpressing seria, na melhor das hipóteses, um vinho de mesa. Nagelsmann e Tuchel desapareceriam ao serem demasiado loucos e Arteta nunca chegaria ao Natal.
É, afinal, o futebol que temos. Ao qual não damos mesmo oportunidade."

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