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quarta-feira, 13 de outubro de 2021

SL Benfica | Os 5 melhores “super-suplentes” da Luz


"Às vezes o banco é o caminho. O SL Benfica que o diga…

Nem sempre foi possível substituir no futebol. A primeira regra, surgida em 1958, cingia-se ao caso do guarda-redes se lesionar. Só assim se explica que Mário Coluna, ícone do SL Benfica, tenha terminado a final de 1963 contra o AC Milão, depois da agressividade de Pivatelli torná-lo figura de corpo presente.
Apenas sete anos depois, no primeiro Mundial do México, chegariam as substituições. O modelo atual, de cinco em três paragens, substituiu em 2020 o mais aceite de três com três interrupções, dominante desde 1994.
Desde aí que se criou uma nova vertente na abordagem tática às partidas, com o novo efeito dos elementos suplentes sobre o plano de jogo, surgindo uma nova espécie de fator determinante no resultado final: os “supersubs”, termo inglês à falta de melhor português, ou aqueles jogadores com tendência para decidir partidas entrando no decorrer das mesmas.
Milla, Bierhoff, Solskjaer, Pizarro, Chicharito em contexto internacional; Carlos Bueno ou Ernesto Farías em Portugal, assegurando pontos importantes para Sporting CP e FC Porto, respetivamente, a sair do banco.
No SL Benfica houve alguns: houve quem ficasse marcado exclusivamente por essas circunstâncias numa ocasião especial, como César Brito nas Antas, e houve quem se assumisse como super-suplente pela força estatística – muitos deles apesar de não serem imediatamente identificados como tal – como Sokota (6 golos em 20 jogos como suplente utilizado) ou Haris Seferovic (11 golos em 44).
Decidimos, então, eleger cinco que se inserem nesse rótulo de super-suplente, ou seja, que nunca se afirmaram totalmente como titulares e o seu potencial foi assim melhor explanado.
Só uma das escolhas, a última, se deveu à força dos números – foi durante muito tempo titular, mas rendeu tanto como opção alternativa que teve de ser incluído. Uma questão de justiça.

1. Nuno Gomes: 398 jogos, 59 como suplente utilizado – 166 golos e 35 assistências
Sim, Nuno Gomes só foi suplente no ocaso da carreira. Mas além de avançado de finíssima classe, transformava-se num “supersub” se por qualquer incongruência fosse colocado no banco de suplentes – na Luz, em 59 entradas no decorrer da partida, fez 17 golos e três assistências. Ou seja, um golo a cada 67 minutos e o melhor registo de um jogador enquanto suplente com a camisola do SL Benfica.

2. Raúl Jiménez: 121 jogos, 60 como suplente utilizado – 31 golos e 15 assistências
Inglório. Em muitas outras fases do currículo encarnado, seria figura principal. Mau para ele mas inesquecivelmente para nós, quando veio já cá estavam Mitroglou e Jonas.
Foi com os três que o SL Benfica construiu o seu tetra de campeonatos nacionais e consolidou a pequena hegemonia no final da década passada – se de forma inacreditável as coisas não estivessem a correr bem com o grego ou o brasileiro, entrava Raúl, com a mesma ‘fúria’ competitiva que se estereotipa ao latino comum e o sentido prático da melhor versão de Hugo Sánchez.
Decidiu muitos jogos em fases cruciais (Vila do Conde duas vezes e Bonfim como as mais memoráveis) e foi o complemento perfeito a Ederson, que criou com ele química interessante em ligação de recurso ao pontapé longo (longuíssimo), de baliza a baliza e que Jiménez sabia aproveitar como ninguém.

3. Weldon: 27 jogos, 19 como suplente utilizado – seis golos
O SL Benfica perdia em casa com o CS Marítimo. Depois da melhor pré-época em 15 anos e da histeria generalizada, agora instakava-se a depressão na massa adepta. Contudo, havia uma carta na manga.
Weldon, o protége de Jesus que viera do CF Os Belenenses e que não tinha o talento dos artistas principais, surgia como salvador e empatava perto do fim. Menos mal. Passemos à frente até Abril.
Quatro dias depois do 2-1 ao Liverpool de Gerrard e Torres e quatro dias antes da implosão em Anfield, Jesus comandava as tropas na Figueira da Foz. Obviamente que era urgente fazer descansar peças importantes – Ramires e Saviola ficaram no recobro, Amorim e… Weldon eram apostas.
O brasileiro, que estivera fora das opções de forma regular, voltava a ser chamado e era titular pela primeira vez na Primeira Liga. Augusto Inácio tinha preparado, nos laboratórios da Naval 1º de Maio, tática mortífera para fazer apagar a chama das restantes estrelas titulares – Aimar e Di Maria, principalmente.
Correu tudo excecionalmente bem até aos 11 minutos, quando os da casa aumentaram para 2-0, o que provocou um sentimento generalizado de escândalo inadmissível. Weldon não gostou da brincadeira, vestiu-se novamente de salvador e em sete minutos colocou o jogo empatado, antes de Di Maria fazer o terceiro e Cardozo o quarto.
Duas semanas depois, nova batalha de proporções épicas, num Municipal de Coimbra à pinha: o 2-3 final reflete bem a dureza do desafio, durante o qual Weldon teve de fazer mais dois para manter o SL Benfica à tona do título. Os seus golos garantiram sete pontos – o SC Braga, segundo lugar, acabou a seis. Sintomático.

4. Pedro Mantorras: 117 jogos, 75 como suplente utilizado – 30 golos e cinco assistências
As malditas lesões não o deixaram ser gigante. Os tormentos dos batatais portugueses seriam sempre desafio inglório para tanto talento – numa altura de marcação cerrada ao homem, Pedro aguentou de tudo até o seu corpo colapsar.
Dois anos infernais de operações e tratamentos mal sucedidos deitaram por terra a promessa de grandes êxitos no topo do futebol europeu – apagado o futuro, remeteu-se ao seu SL Benfica e criou então sinergia irreplicável com a massa adepta.
Cada saída para aquecimento era a comemoração de um golo que viria poucos minutos depois: como esquecer o momento em que marca ao Boavista FC , no seu regresso aos relvados?
Esse campeonato foi, em grande parte, ganho devido ao regresso de Mantorras, o ídolo de um clube e símbolo do sofrimento generalizado. Cinco golos a sair do banco nessa segunda volta, um sorriso nos lábios a cada entrada mais ríspida e título de campeão nacional 11 anos depois.

5. Vata Matanu Garcia: 77 jogos, 34 como suplente utilizado – 37 golos
Mão ou peito? O angolano ainda hoje insiste que o golo ao Marselha, na meia-final da Taça dos Campeões, é legal. O golo que carimbou ao SL Benfica o passaporte para o Prater de Viena é o zénite da sua carreira na Luz, numa amálgama de poucos jogos completos e muitos golos, de todas as formas e feitios.
O conto de fadas iniciou-se em 1988, quando chega do Varzim juntamente com Miranda, um playmaker que supostamente faria as delicias do Terceiro Anel. Vata vinha quase como extra, sem grandes promessas de sucesso – poucos esperavam a troca de papéis e o seu impacto imediato.
Com 16 golos em 1988-89 conquistou o prémio de melhor marcador da Liga: só ele deu nove pontos ao SL Benfica, numa altura em que a vitória ainda valia dois e o segundo classificado ficara… a sete!
Acresce a admiração se tivermos noção do contexto em que produziu esta monstruosidade estatística: apenas 21 jogos a titular, 13 como suplente utilizado. Em 1989-90, o ano da mão-peito ao Olympique, 17 a titular e 14 a suplente utilizado – 16 golos feitos, apesar do mesmo estatuto intermitente.
A terceira e última temporada foi de menor fulgor devido à concorrência: chegara Isaías, regressara Rui Águas, Magnusson era intransferível e ainda existia César Brito. E o senhor Vata lá foi continuar a meter as mãos pelos pés – sempre pela positiva – lá para os lados da Reboleira."

1 comentário:

  1. mesmo as substituições dos guarda redes não eram em todas as competições.
    dois anos depois dessa final em que o coluna se lesionou o costa pereira saiu, e era guarda redes, e ficamos com menos um em campo e teve de ir o germano à baliza.

    já sobre os melhores suplente, a lita devia de ser encabeçada pelo vata, ou quando muito pelo césar brito, que nem sequer foi nomeado, e a par do vata seriam os melhores.
    outro seria o nene no seu ultimo ano em que foi o segundo melhor marcador do campeonato, em igualdade com o gomes, sendo que foi titular em muito poucos jogos.

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