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domingo, 14 de janeiro de 2018

De Braga para o penta

"O Benfica de Rui Vitória - sim, de Rui Vitória! - demonstrou a alguns descrentes que vai lutar pela Liga até à última jornada

1. Ontem em Braga o Benfica mostrou que pode legitimamente sonhar com o penta. Fez um jogo enorme. Foi uma equipa coesa e com vontade de vencer. Foi um verdadeiro colectivo e soube conjugar inteligência com total disponibilidade. Cada jogador soube cumprir, no limite da sua capacidade, as funções que lhe estavam destinadas. Pressionou o Braga e não o deixou construir o seu habitual jogo. Como com esta saborosa vitória pressiona Futebol Clube do Porto e Sporting que terão neste próximo mês uma acrescida sobrecarga de jogos. O Braga,  este Braga, apenas tive quinze minutos - no meio da segunda parte - de ligeiro domínio. No mais o Benfica de Rui Vitória - sim de Rui Vitória! - controlou e demonstrou, a todos - e principalmente a alguns descrentes - que vai lutar pela Liga até à última jornada. Pela Liga e pelo penta. Para já este Benfica venceu a primeira das suas 17 finais. Agora tem três jogos em Lisboa. Dois na Luz e o outro no Restelo. E os benfiquistas acreditam, ainda mais desde ontem, que o penta é possível. E vão levar a sua equipa ao colo. Em cada jogo vai haver muito colinho. Companhia permanente. Carácter. Amparo. E, acima de tudo, perseverança. É que, como escreveu Samuel Johnson, «os grandes feitos são conseguidos não pela força mas pela perseverança»!

2. Ricardinho, o português de referência do futsal mundial - «eu sou português» escreveu ele com orgulho esta semana! - tornou-se o primeiro jogador a receber o troféu de melhor jogador a receber o troféu de melhor jogador do Mundo por cinco vezes. É, assim, e aos trinta e dois anos, um penta vencedor. Na linha de Cristiano Ronaldo. E ultrapassou, nesta cada vez mais atractiva e sugestiva especialidade, o brasileiro Falcão que conquistara a distinção por quatro vezes. Importa recordar, por justiça e em razão da memória, que a primeira distinção ocorreu em 2010 quando Ricardinho vestia, com o orgulho que nunca esquece de referir, a camisola do Benfica. Tal como, em permanência e sempre com excelência, a camisola da nossa selecção nacional. Agora envergando a camisola do espanhol Inter Movistar - que todas as semanas vemos aqui na Bola TV - marca golos do outro mundo e continua a dizer, com a simplicidade que o caracteriza, que «no dia que disseres vou para o treino em vez de dizeres vou treinar deixarás de ser o melhor»! Parabéns pelo penta, Ricardinho! Um 2018 pleno de êxitos pessoais e de vitórias desportivas!

3. Assisti, esta semana, a dois grandes jogos de futebol: o Rio Ave - Desportivo das Aves e, na noite da passada sexta feira, o Desportivo de Chaves - Vitória de Guimarães. E teria gostado de me deliciar com o Caldas - Farense e que permitiu que o clube da cidade de Bordalo Pinheiro chegasse, com todo o mérito, às meias-finais da Taça de Portugal. Terão sido três hinos ao futebol. Assisti, via SportTV, a apenas dois. Vi bonitos golos, paixão clubística, muita emoção, intensa disputa e muito querer. Vi competitividade, suficiente generosidade e concreta personalidade. E a fé que Arango, o avançado do Aves, assumiu no final do jogo e claramente evidenciou é um momento de humanidade e de diversidade. Já escrevia Léon Tolstoi que «a fé é a força da vida. Se o homem vive é porque acredita em alguma coisa»! Mas, claramente assumo, que não aceito as razões para a não transmissão televisiva do jogo das Caldas da Rainha. Mas o que fica é a riqueza do futebol. Incerteza e vontade. Talento e sentimento. Sim, sentimento!

4. Os Jogos Olímpicos de Inverno que se vão disputar na Coreia do Sul proporcionarem uma verdadeira trégua. Um sentimento desportivo singular. Digamos que foi a verdadeira trégua olímpica. Ontem as duas Coreias - mais os EUA - estavam quase em guerra. Os mísseis perturbavam o Mundo. Amanhã já se vão discutir os detalhes da anunciada participação da Coreia do Norte nos Jogos Olímpicos que vão ter lugar em PyeongChang! Falta, entre nós, em termos desportivos, uma trégua. Falta mesmo. Olhem para este exemplo que vem das duas Coreias! Olhem mesmo. A sério!!!

5. Li ontem, neste sempre bem informado jornal, que Bruno Paixão e Gonçalo Martins - VAR e árbitro de campo, respectivamente, no Belenenses - Boavista não foram nomeados para qualquer encontro desta alargada jornada. Para sermos directos foram para a há muito denominada jarra. Em razão, agora da janela, ou seja, do visto no ecrã. Na televisão. E sofre aquele que é o árbitro principal, o do campo, e aquele que está em frente aos ecrãs, isto, é, o VAR. E nem se fala do que aconteceu ao assistente do videoárbitro. Que, aqui, também só é assistente tal como o antigo bandeirinha que não viu a posição do avançado do Boavista! E parece que estes dois árbitros serão os primeiros a ser notícia no que diz respeito a castigos por desempenho considerado bem insuficiente. Da reunião de Fátima surge, assim, a primeira pública sanção. Sem perdão parece ser, a partir de Fátima, a palavra de ordem do Conselho de Arbitragem. E nós que julgávamos que se vivia uma época experimental. Parece que só foi meia época. A primeira volta. Acredito, assim, que a jarra veio para ficar. E vamos ter notícias semelhantes ao longo das próximas semanas. Atingindo todos. Todos mesmo. E não apenas em razão de foras de jogo não assinalados... Certo? Por uma questão de justiça. Sim de justiça! Sob pena, também aqui, de a justiça, ser «a máscara da irritação»!"

Fernando Seara, in A Bola

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