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quinta-feira, 31 de março de 2022

A turma de 467


"A talentosa equipa de juniores de hóquei em patins impulsionou o regresso da equipa de honra aos títulos

A expectativa entusiasma mais do que a própria realidade, na maior parte das vezes. Faz-se o exercício de olhar para algo e basear-se em certas lógicas por forma a vaticinar o que poderá acontecer. Os adeptos utilizam essa dinâmica quando assistem às partidas da formação do seu clube, mais do que os resultados, analisam quem serão os novos craques. O método torna-se mais premente quando a equipa de honra atravessa maus momentos. Apesar de os adeptos terem plena noção de que os casos de sucesso são uma minoria, cada um desses casos faz com que se esqueça os insucessos.
A década de 1940 foi bastante penosa para o hóquei em patins do Benfica. Habituados a conquistar títulos e a ser figura de proa da modalidade em Portugal, os encarnados viram-se arredados dos títulos. Era necessário algo que revertesse essa situação! Bernardo Sousa Gomes, membro da secção de bóquei em patins benfiquista, viu num grupo de miúdos o que poderia ser o futuro do Benfica e até da modalidade. Desse grupo faziam parte atletas como Fernando Cruzeiro, Mário Lopes e Domingos Perdigão. Bernardo 'às 6 da manhã' - quando ninguém acreditava em nós - reunia e ensinava'. O esforço viria a surtir efeito. Em 1947, esses elementos integraram a equipa de juniores e realizaram uma época estupenda, conquistaram o Campeonato Regional e a primeira edição do Campeonato Nacional desse escalão. A imprensa ficou rendida: 'Brilham estrelas com luz de futuros astros e que nos garantem novos auras nesta modalidade'.
Até ao final da década, foram promovidos à equipa de honra. Em 1951, já totalmente adaptados, os encarnados tiveram uma prestação fantástica em que venceram 17 das 18 jornadas do Campeonato de Lisboa e dessa forma voltaram a conquistar a competição 13 anos depois. Apurados para o Campeonato Nacional, composto por três equipas de Lisboa e três do Porto, o HC Sintra, detentor do título, e o Benfica apresentavam-se como os principais candidatos a ganharem a prova. De facto, seriam estas duas equipas a protagonizarem os embates mais emocionantes, em que se registaram dois empates (1-1 e 4-4). Apesar do equilíbrio frente ao conjunto de Sintra, os benfiquistas dominaram a competição, triunfaram nos restantes oito encontros e sagraram-se, pela primeira vez, campeões nacionais. A conquista mereceu rasgados elogios: 'O Benfica é, no momento presente, a nossa melhor equipa, pelo que o título lhe assenta como uma luva. (...) Os benfiquistas tiveram, como melhor trunfo, a velocidade, aliada a técnica apreciável'. O mérito desta vitória era identificável, 'desde 1947, que se trabalha por estes triunfos'.
Saiba mais sobre Cruzeiro, Perdigão e Mário Lopes e as suas conquistas ao serviço do Benfica na área 3 - Orgulho Eclético, do Museu Benfica - Cosme Damião."

António Pinto, in O Benfica

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