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sexta-feira, 26 de junho de 2020

Desporto de alto nível como exemplo de respeito pelo planeta

""O que faço é apenas uma gota no oceano, mas são gotas de água que fazem o oceano"
Madre Teresa

Sou atleta de alto nível desde 2006, ano em que ganhei a minha primeira medalha nacional. Estou no circuito há 14 anos. Uma sorte por várias razões, mas também um drama. É um drama para o planeta. Dei mais de dez vezes a volta ao mundo, durante todas as minhas viagens desportivas. Já usei mais de vinte caiaques de carbono. Dormi milhares de noites em hotéis e comi outros milhares de refeições em restaurantes. Mas há sempre algo de positivo nesta vida, nesta paixão ou neste trabalho. Estou de boa saúde, conheço o meu corpo melhor do que 99% das pessoas deste mundo conhecem o delas, espero dar alegria a quem ama este desporto e aos que me seguem, e amo o que faço, especialmente. 
Mas é difícil quando percebo o mal que faço ao nosso planeta para satisfazer a minha paixão. A parte mais difícil para mim é ver o estado dos rios, e até dos mares, durante as minhas várias sessões de treino e viagens. É assustador ! Amo a vida, amo o nosso planeta e estou diariamente à procura de maneiras de tornar a minha prática de alto nível tão responsável quanto possível.
Então, há mais de sete anos, adoptei comportamentos mais ecológicos e tento promovê-los ao mesmo tempo que o faço em relação à minha imagem de desportista nas redes sociais.
Há sete anos que como alimentos orgânicos; tento colectar o máximo de resíduos dos rios em cada treino, para colocá-los no lixo; conserto em vez de comprar um novo objecto o máximo possível; tenho uma cabaça para beber água; alugo alojamentos onde possa cozinhar para evitar restaurantes; não tomo mais de um banho por dia, mesmo se treino frequentemente duas a três vezes diariamente; como fruta e legumes da época; e sou vegetariano.
Tudo isto é apenas uma pequena gota no oceano... porque viajo demais, ainda consumo demasiado... sei disso e é difícil.
Quando ignoramos os nossos valores fundamentais, é fácil conviver com isso, mas quando percebemos as consequências, o mais difícil é não poder mudar ainda mais. Todos os dias, na minha prática, me pedem que melhore para ser o melhor. Todos os dias tenho de corrigir os meus erros uma e outra vez para melhorar alguns centímetros ou obter alguns centésimos de ganho, mas é uma verdadeira felicidade, uma satisfação pessoal atingir as metas estabelecidas diariamente, vencer os desafios do dia-a-dia. Mas, para atingir o sucesso desportivo, ainda produzo toneladas de dióxido de carbono cada ano.
Em relação ao respeito pelo planeta e ao meu impacto nele, tenho dificuldades em reduzir mais as minhas emissões de carbono, devido à minha prática de alto nível, com treinos e competições em todo o mundo.
Viajar menos e competir com um caiaque velho sem nunca mudá-lo seria contraproducente para o meu desempenho.
Desportos e atletas de alto nível poderiam ser exemplos de respeito pelo Planeta? Eu, sinceramente, espero que sim e tento fazer a “minha parte de beija-flor”. Estou muito orgulhoso que Tóquio 2020 tenha camas recicladas na Vila Olímpica e espero que também possam reduzir o uso de plástico durante os Jogos Olímpicos. Já seria uma grande mudança.
E se Tóquio 2020 reduzisse o plástico, a carne e as emissões de carbono em geral, você ficaria orgulhoso do Movimento Olímpico?
Eu ficaria, bastante!
Ficaria tão orgulhoso de levar esses valores exemplares e de adaptar ainda mais o meu comportamento ao nosso planeta.
Juntos seremos capazes de alcançar o meu segundo objectivo após o “sonho olímpico”: é de “fazer respirar de novo a natureza e o nosso planeta!”"

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