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quinta-feira, 5 de janeiro de 2023

Enzo – um menino deslumbrado!


"Enzo era um miúdo com enorme potencial no seu River Plate e o Benfica teve o mérito (e a sorte) de o ir buscar, enquanto o valor do seu passe era acessível aos seus bolsos. Desconhecemos se o menino Enzo iria à Seleção se tivesse ficado na Argentina, mas sabemos que, com Schmidt a treiná-lo e Otamendi como padrinho no Benfica, Enzo se tornou uma estrela no campeonato português, foi convocado e daí para cá tudo se precipitou.
Chegou ao Qatar como suplente, mas o menino Enzo entrou, meteu um golo de craque que não engana, pegou de estaca e, porque um Mundial é competição para graúdos, não surpreendeu que merecidamente ganhasse o prémio de "golden boy" (quem mais lá havia para o receber?). A cabeça do menino era agora a de um craque (em corpo de menino), assessorado por empresários vorazes e ansiosos de gerar comissões com transferências super-milionárias. Alourou na Argentina entre festas sucessivas, veio a Lisboa porque teve de vir (como se não fosse obrigação profissional), esteve fisicamente em campo no jogo de Braga e… o Benfica teve a 1ª derrota, tão natural e tão lógica perante o desenrolar do jogo que até doi… 
Acabou o jogo e foi até à Argentina passar o ano. Longe vão os tempos de Coluna e Simões em que com um empate nem saíam à rua quanto mais com uma derrota, tal era o ambiente de funeral na Luz. Alegre e contente, o menino Enzo, imberbe e ainda sem perceber o que implica o profissionalismo, esqueceu tudo o que deve ao Benfica (e a Schmidt e a Otamendi) que o projetou em escassos 6 meses para a ribalta do futebol mundial.
Seria questão de tempo? Pela sua valia, seguramente que sim. Mas o Benfica é realmente um clube muito especial, a sua Academia (Seixal) é mundialmente reconhecida, e o que fica da estória é que hoje, Enzo, pela magia do seu jogo, tem o mundo do futebol a seus pés. Chelsea, United, Newcastle, PSG, anunciam-se como futuro imediato.
O seu preço? 120 ou 130 milhões, cada milhão parece o custo de uma bica. Um ativo, como hoje se diz, o menino-jogador passou a mercadoria negociável, com um contrato que até tem uma cláusula de rescisão que, se for "batida", dará uma transação consumada. Se foi assim com Félix, porque não com Enzo? Em suma, o dinheiro manda, o Benfica, porque livremente assinou um contrato com uma cláusula de rescisão que afinal nem aparenta ser exorbitante pelo interesse despertado, só tem de honrar o compromisso e, se assim suceder, assunto encerrado.
Lamento que assim seja. Pelo espírito do contrato assinado que Enzo celebrou livremente com o Benfica para crescer como jogador, pela gratidão que Enzo deveria demonstrar por um balneário que o integrou como um dos seus e potenciou o seu valor que o transportou à ribalta internacional, pela coesão do balneário, pelos interesses desportivos do Benfica, órfão de títulos há demasiados anos e, pelos Sócios, que o idolatraram e vibraram pela Argentina, com Enzo e Otamendi.
Mas hoje o futebol está doente, desprovido de alma, vítima de tanto dinheiro que nele conflui e em que os jogadores são peões nas estratégias internacionais de empresários que não têm qualquer pejo de aliciar (e instabilizar) os bons e/ou muito bons jogadores. Prometem-se milhões, os visados ficam com a cabeça à roda, perdem discernimento e concentração competitiva durante o tempo que se demora a concretizar, às vezes deliberadamente prolongado, até porque o desgaste psicológico faz parte da negociação até esta se tornar inevitável. Dada a valia competitiva, estes alvos são peças fundamentais no xadrez de qualquer equipa, pelo que não raras vezes o rendimento desportivo do coletivo sofre e esboroam-se pontos, perante o gáudio dos adversários.
Perante a inevitabilidade destes assédios, em clubes mais expostos financeiramente como o Benfica há que atempadamente prevenir, procurando estruturar o plantel para colmatar potenciais perdas, o que notoriamente não sucedeu durante o verão de 2022. Neste aspeto, temos de reconhecer o atual desequilíbrio qualitativo entre titulares e suplentes da nossa equipa principal, sobrando a certeza de ser utopia acreditar que qualquer alternativa que rapidamente encontremos tenha rendimento similar ao menino Enzo que pegou de estaca.
Em suma, no atual mundo encapelado deste futebol profissional, o Benfica tem de ser gerido de dentro para fora, pragmático na defesa intransigente da qualidade da sua equipa. No momento atual, ainda haveria que tentar alguma coisa, como:
(I) Procurar convencer o menino Enzo que precipitações e/ou decisões erradas no curto prazo custam anos na sua carreira (dando exemplos como o de João Félix, ansioso por sair do Atlético de Madrid, onde a sua classe está esmagada ou de Renato Sanches que saiu e ainda não se reencontrou).
(II) Demonstrar as vantagens de ficar até junho, a crescer com Schmidt como profissional e contando sempre com Otamendi, enquanto grande "Capitão", para o liderar e apoiar. Em junho conversaríamos sobre os reais interesses que existissem e o seu compromisso seria sempre reconhecido, houvesse ou não uma oferta digna do valor que o Benfica atribui ao jogador.
Se não se conseguir mudar a cabeça do menino Enzo e convencê-lo a ficar até junho, então há que ser objetivo e tomar decisões radicais. Só podemos contar com quem está mentalmente disponível para jogar e alguém que só pensa em sair, autoexclui-se de qualquer grupo que se quer manter unido a lutar por vitórias. O Benfica também representa valores e esses, são sagrados e não são muitos milhões que os corrompem.

PSjá agora, aplique-se criteriosamente o dinheiro a receber por Enzo no reforço de posições que Schmidt e Rui Costa identificarem como críticas, porque todos ansiamos pelo 38."

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