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quarta-feira, 17 de abril de 2024

A pressão imposta pela rotação


"Entre jornadas europeias, já era esperada uma alta rotatividade do Benfica na receção ao Moreirense, tal como Schmidt havia mencionado na conferência de imprensa anterior. Esse facto confirmou-se e registaram-se oito mudanças no onze inicial face à partida de quinta-feira frente ao Marselha, sendo que João Neves, Bah e Neres foram os únicos resistentes da batalha internacional.
Apesar das recomendáveis alterações, a elevada rotação trouxe algo que esteve marcadamente presente em lances ao longo do encontro: a notável falta de rotinas de alguns jogadores.
Se por nervos, por falta de hábito ao jogo, ou pela pressão imposta pela situação, a segunda linha que esteve presente em campo mostrou precisar de mais minutos de jogo. A vitória foi alcançada com sucesso, mas a verdade é que os comandados de Schmidt podem retirar bastantes lições deste encontro para eventos futuros.
Em momentos de construção recuada, perante a pressão rigorosa do Moreirense, notou-se alguma dificuldade em lidar com esse tipo de situação. Sem Florentino presente, foi João Neves que assumiu o papel de principal construtor de jogo na primeira parte. Desde a pequena área até ao último terço, foi o camisola 87 das águias que se auto-encarregou dessa responsabilidade.
Antes de João Neves se ter eleito como delegado de equipa, a escapatória surgiu em forma de atrasos ao guarda-redes que, lance atrás de lance, foi posto em situações de elevado risco pondo em causa a liderança no encontro e a sua prestação na partida.
Ainda assim, a vitória não surgiu de forma aleatória e por isso também existem naturalmente aspetos positivos a apontar. Entre eles, está a fluidez em zonas mais avançadas do terreno. Os entendimentos entre Tiago Gouveia e Kokçu foram recorrentes, e com o turco na posição de Rafa, houve mais espaço e liberdade para que o próprio usufruísse das suas melhores características.
Já Tiago Gouveia, habituado a aproveitar cada oportunidade concedida por Schmidt, não desiludiu e voltou a registar uma exibição de encher o olho. Na ala esquerda do ataque, faz uso da boa qualidade técnica e assumiu-se como o elemento mais irreverente do conjunto. Anotou duas assistências e aumentou, ainda mais, a esperança relativa ao seu papel na próxima temporada. Ainda assim, esta época ainda se pode estabelecer como um elemento a surpreender naquilo que resta da época.
Já no que diz respeito à ala esquerda, a ausência de Fredrik Aursnes não se fez sentir face à tamanha exibição de Álvaro Carreras. O lateral espanhol apresentou-se a grande nível na Luz, mostrando uma clara evolução desde os últimos jogos disputados. Foi incansável na procura por ligações com os companheiros, nas recuperações defensivas, e esteve bastante presente nos momentos ofensivos. A continuar assim, Carreras justifica a aposta feita no mercado de janeiro e cimenta o seu lugar na próxima época.
Por fim, há que ter em conta a estreia “a sério” de Rollheiser. Desde que chegou à Luz em janeiro, este foi o encontro onde o argentino teve uma verdadeira oportunidade. Apesar de já se ter estreado antes, não havia tido tempo nem espaço para mostrar algo verdadeiramente perceptível. No jogo frente ao Moreirense a história foi outra e, com 45 minutos de jogo puro, o extremo sul-americano deixou bons indícios para aquilo que poderá vir a render, acabando mesmo por coroar a oportunidade com um golo para fechar a noite.
Posto isto, o jogo frente ao Moreirense para além de ter servido como um descanso para os habituais titulares, serviu também como um teste para o que esperar destes jogadores no resto da temporada, e até na próxima inclusive. O calendário dos encarnados é apertado, é exigente, e requer que todos os atletas estejam aptos para corresponder nestes momentos, face à aproximação das competições.
Sendo que a Liga Europa é a única competição que o Benfica depende apenas de si mesmo para vencer, a prioridade pode passar mesmo por aí, por romper com a história e reescrever um novo nome do Benfica nas competições europeias. Ainda assim, a luta pelo título de campeão nacional permanece e, para que seja possível sonhar com as duas realidades, terão de existir mais jogos como este, em que a entrega é de todos os elementos, começando no treinador e acabando no jogador menos utilizado."

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