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sexta-feira, 31 de maio de 2019

Variabilidade na Criação – Um jogo de relações

"Para quem ataca durante mais tempo, uma das armas para chegar à baliza adversária é a colocação de muita gente à frente da linha da bola, significando um aumento do número de soluções verticais. Acredito que, as equipas mais capazes de jogar pelo corredor central possam ser aquelas que colocam mais gente por dentro, mas nem sempre é assim. Quanto mais gente se colocar no espaço interior, mais adversários se poderá concentrar nesse espaço, o que pode limitar os caminhos para chegar à baliza adversária pelo caminho pretendido em primeira instância, mas o que também poderá originar espaço para furar por fora. Assim, atacar com amplitude máxima torna-se fundamental para provocar desequilíbrios por fora, mas também por dentro!
Com a evolução do jogo, têm-se tornado fundamental a variabilidade na criação, isto é, a capacidade de alterar os posicionamentos em zonas de criação. Se a construção é uma fase importantíssima para se iniciarem os desequilíbrios ofensivos, a fase de criação é ainda mais notória por estar mais próxima da baliza. A quantidade de jogadores colocados na construção está relacionada, portanto, com a fase de criação e pode, inclusive, limitar as ligações ofensivas. Existe, então, a necessidade de criar igualdade/superioridade em zonas mais adiantadas do campo porque, no jogo, tudo são relações numéricas, espaciais e qualitativas!
A necessidade de aumentar o número de elementos entre as linhas adversárias tem encontrado novas soluções para furar equipas muito compactas e com muita gente atrás da linha da bola. Hoje, as equipas que preparam cada momento ofensivo ao detalhe, colocam 3, 4 e até 5 elementos entre os sectores adversários. Como referi, aumentar a presença entre-linhas não é sinónimo de qualidade. No entanto, o adversário fica mais desconfortável pela quantidade de jogadores que atacam a sua última linha. A presença de 4 ou 5 elementos servirá para igualar ou criar superioridade numérica sobre a linha defensiva do adversário criando-lhe mais constrangimentos.
“É diferente atacares uma linha de 5 do que atacares uma linha de 4. Para atacares uma linha de 5, tens que criar mais dificuldades e isso está relacionado, com a quantidade de jogadores que atacam essa última linha.”
Abel Ferreira

Conhecer e perceber o adversário é cada vez mais importante. Quem ataca com amplitude máxima depara-se, frequentemente, com a presença de 5, 6 e até 7 elementos nas linhas defensivas adversárias pela dificuldade de controlar toda a largura defensiva. É, portanto, fundamental ter um modelo com a capacidade de mudar em função desses constrangimentos que o adversário vai colocando. Colocar mais gente entre-linhas poderá ser uma solução para furar equipas com muitos elementos na última linha. Outra das soluções poderá estar relacionada com os contra-movimentos na última linha adversária, de modo, a criar desconforto e a enganar a oposição.
Por exemplo, habitualmente, o Manchester City coloca três elementos em zonas de criação no corredor central. Na final da taça de Inglaterra, a equipa de Guardiola defrontou um Watford a defender num bloco baixo e, por diversas vezes, com uma linha defensiva de 5. Perante isto, Pep colocou Sterling no espaço interior e o City passou atacar com quatro elementos em zonas interiores e consequentemente, com mais gente atacar a última linha adversária. Um modelo completo é, também, aquele que têm diferentes soluções para responder aos vários constrangimentos que o jogo e o adversário nos cria.
Existem vários condicionalismos que poderão afectar o nosso modelo de jogo. A nossa ideia de jogo deverá, portanto, estar aberta a novas soluções para responder aos diferentes problemas que o jogo vai colocando. Os números são importantes, mas as dinâmicas que se criam serão decisivas!"

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