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sexta-feira, 20 de março de 2015

Heróis e vilões

"A vida está cheia de vilões que já foram heróis e, até de heróis que já foram vilões. E, por estes dias, é cada vez mais essa visão simples que vai partindo o mundo ao meio, separando, radicalizando ideias, preto e branco, vermelho e bem um lado, o mal do outro...
Vê-se na política: olha-se para Espanha, Grécia, Brasil ou Venezuela e a luta de classes entre esquerda e direita ganha contornos de ódio como há muitas décadas não se via...
Vê-se na sociedade: falar de ricos e pobres de forma vincada voltou a ser tema, cegamente utilizado pelo populismo democrático que as redes sociais como o facebook permitiram...
E, claro, vê-se no futebol. Estava a ler a interessante entrevista a Abel Xavier que hoje publicamos nas páginas centrais e correu-me aquele que é, muito provavelmente, o melhor exemplo de como heróis e vilão podem caminhar lado a lado, no mesmo dia, no mesmo local, à mesma hora, eventualmente separados por minutos...
Lembrava-me eu daquela meia-final do Euro-2000, contra a França, a da mão de Abel na bola, dentro da área, já no prolongamento. A mão do penalty que resultou no golo de ouro (quem marcasse primeiro no prolongamento ganhava) de Zidane e que deixou a França na final...
Abel Xavier transformou-se nesse instante (aos 117 minutos) num dos vilões do futebol português. O que muitos já não recordam é que, menos de meia hora antes, aos 90+2 e com o jogo empatado (1-1), Abel fez com a cabeça aquilo a que se chama um golo feito mas viu Fabian Barthez, então o melhor guarda-redes do mundo, fazer defesa impossível e negar-lhe o papel de grande herói do futebol português - esse golo resultaria na nossa primeira final.
15 anos depois continuamos a não perceber a proximidade entre heróis e vilões. Pior: é hoje mais fácil do que nunca disparar para este lado e, logo depois, atacar o outro... Basta ver como Ronaldo era há tempos o maior da cantareira e hoje «está em fim de carreira» (Stoitchkov); e como Messi já era um zombie e, hoje, volta a ser «o melhor de sempre»."

João Pimpim, in A Bola

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