"Uma partida emocionante deu empate (2-2) na pedreira. Os minhotos começaram melhor, as águias reagiram na segunda parte e poderiam ter vencido, mas correm o risco de ver a liderança ainda mais longe
Olhando aos minutos finais, vendo a forma como Sporting de Braga e Benfica terminaram de olhos postos na baliza adversária, em correrias em busca do golo da vitória, dir-se-ia que ninguém saiu satisfeito do encontro. À medida que os visitantes, revigorados no segundo tempo, falhavam oportunidades, era óbvia a frustração, mas também não havia resignação da parte dos locais, ainda que acabassem por aceitar a igualade após o tardio vermelho a Ricardo Horta.
Foi um embate emocionante, com momentos frenéticos, com quatro golos relativamente próximos e alterações no guião da contenda. Começou melhor o SC Braga, mas marcou primeiro o Benfica; reagiu o SC Braga, baseando-se nos argumentos que lhe deram o tal ascendente inicial; empatou o Benfica quando ainda se sentia a superioridade local; terminou o Benfica por cima, com oportunidades, mas sem eficácia.
No final de contas, a desilusão maior foi mesmo de quem pretende lutar pelo título. Seis empates em 16 rondas é demasiado, cinco empates em 12 jornadas com José Mourinho não é registo para ser primeiro.
Cedo colocou o SC Braga o Benfica a jogar à apanhada. Com a sua circulação fluida, com constantes pontos de apoio, como se fosse um percurso de comboio que vai parando em diversas estações e apeadeiros, a equipa da casa foi deixando os visitantes a perseguirem sombras. Só após o recomeço o cenário mudou.
Num arranque forte, com energia e pressão, Dahl não tardou em cometer um erro, dando a bola para Víctor Gómez, que não deu a melhor continuidade ao lance. João Moutinho e Ricardo Horta também acentuaram a ideia de que, no começo, os minhtos estiveram claramente por cima.
Pau Víctor, que olha para os companheiros antes de atacar a baliza, baixava para conectar as diversas fases do jogo. João Moutinho, jogador-metrónomo, atuava como um vidente, que já intuia o que ia suceder, talvez por este ser o 1113.º desafio da sua carreira profissional. Zalazar e Horta flutavam com liberdade.
Aos 25', os da casa tinham o dobro dos passes precisos (147 para 69), o triplo dos passes no último terço (25 para sete), contavam cinco remates contro um do adversário. E, como tudo isto segue uma linha lógica, o Benfica marcou.
Sudakov bateu tenso um livre da direita. Na área apareceu, impetuoso, Otamendi. A 13 de feveiro de 2011, o argentino bisou na Pedreira num SC Braga 0-2 FC Porto. Passaram quase 15 anos.
O golo não beliscou o jogar da equipa de Vicens. Nos oito duelos prévios a este, o Benifca apenas encaixou dois golos, tantos como os que sofreria entre os 38' e o intervalo.
Primeiro foi Zalazar a empatar de penálti, castigando nova má abordagem de Dahl, que desviou um cabeceamento de Dorgeles com o braço. Depois foi Pau Víctor a trabalhar com arte e classe na área, beneficiando do acerto de Zalazar pela direita e do desacerto de Ríos na área, novamente evidenciando-se as imprecisões técnicas do colombiano.
O descanso não tirou vertigem ou emoção à partida. O Benfica não voltou especialmente confortável, mas encontrou-se com o 2-2 quando, aos 53', teve espaço para correr. E teve-lo nos melhores pés possíveis, no poder de decisião de Pavlidis, inteligente a servir Aursnes, e na finalização do norueguês, que fez uma das melhores finalizações que se lhe recorda em Portugal.
Com o avançar do desafio, o guião do fim de tarde alterou-se. O Benfica deixou de jogar à apanhada, ajustando na resposta às rotas de jogo do SC Braga, que deixou de chegar perto de Trubin. Os guerreiros não tiveram qualquer primeiro remate enquadrado no segundo tempo, contrastando com a renovada capacidade ofensiva das águias.
Como é habitual neste tipo de cenários de exigência máxima, José Mourinho tardou em mexer, como se vira diante do Sporting, FC Porto ou Chelsea. Só aos 79' entraram Ivanović — estranhamente preso à esquerda — e Prestianni, mas isso não impediu que o caudal ofensivo do Benfica se acentuasse.
Pavlidis e Dahl colocaram a bola dentro da baliza, mas ambos os lances foram anulados. Dahl, num tiro potente, obrigou Lukáš Horníček a dar continuidade a uma grande temporada. Já depois das substituições, Aursnes, em grande posição, disparou sem pontaria.
O crescimento dos lisboetas não deu para obter os três pontos. A subida de forma do Benfica de José Mourinho não levou a reduzir a distância para o topo da I Liga e, antes do final de 2025, ainda a pode ver acentuar-se."

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