"«Duas partes distintas» — Diz o povo e muitas vezes com razão. Mónaco e Estádio da Luz. Os dois últimos jogos do Benfica na Liga dos Campeões resultaram em quatro pontos ganhos. À partida para estas duas etapas não seria uma má perspetiva. Porém, se a vitória fora foi conquistada com coração, alguma felicidade e em reviravolta emotiva, o mesmo não foi conseguido em Lisboa, ocasião na teoria mais propícia e vital para cimentar a qualificação europeia ante o Bolonha. Estes dois importantes jogos com sensações finais bem diferentes tiveram em comum um começo que os treinadores em geral pretendem evitar a não ser por vontade estratégica: atitude demasiado passiva e entrega do domínio do jogo ao adversário, vá lá saber-se porquê. Esta coincidência é quase inexplicável, tendo em conta a importância de ambos os jogos. O pior é que este registo inicial muitas vezes conduz a resultados que não se querem. Esta descontinuidade exibicional do Benfica nas diferentes partes de cada jogo, resultou desta vez em custos pontuais.
Mas porque o futebol é surpreendente, o regresso ao campeonato deu uma primeira parte nas Aves, que combate a lógica dos dois jogos anteriores. A uma primeira parte agressiva e dominadora seguiu-se um segundo tempo retraído e inseguro. O inverso, portanto. Desta vez e também ao contrário do que vem acontecendo com frequência, os vindos do banco não conseguiram melhorar a produção da equipa. Em fases críticas não é fácil entrar e transfigurar uma tendência quando ela era claramente de insegurança e de investida avense pelo empate. O golo final acabou por ser a consequência lógica do que se viu na segunda parte. Em comum nestes últimos três jogos tivemos a performance irregular da equipa durante os 90m. Agora é tempo de reavaliação desta nova realidade sem esquecer que se ultrapassou uma fase de enorme intensidade que a equipa técnica soube gerir e com sucesso. Este empate desilude mas não apaga, nem um pouco, o trajeto avassalador do Benfica na nossa liga, tendo recuperado o estatuto de sério candidato ao título. Afinal, um empate fora não é o fim do mundo.
Substituições (1)
Marcelo ex Real Madrid, esteve ligado recentemente a uma situação melindrosa com o treinador Mano Menezes, quando estava para entrar perto do final de um jogo do seu Fluminense. Algo disse que desagradou tanto ao seu líder que este desistiu da sua escolha. O que terá dito? “Mister, acha que eu com a carreira que tive devo entrar aos 90m? Está brincando comigo ou quê?” Não terá sido muito diferente, mas qualquer que tenha sido a conversa, o resultado, para além de não ter chegado a entrar, foi a posterior rescisão do seu contrato. O craque Marcelo terá achado que era humilhação a mais e desconversou. Deverá o técnico ter em conta o passado do jogador quando a urgência do presente é que determina cada opção? Do lado do mister o benefício da equipa deve estar sempre acima de tudo?
Substituições (2)
Regresso ao meu longínquo tempo de jogador para recuperar, a propósito, uma situação que vivi no último ano da minha carreira. Cumpria a segunda metade dessa época de retirada na Reggiana de Itália, então na Série A. O meu caso foi diferente. A minha equipa estava em risco de descida, o que viria a acontecer. Perdíamos em casa com o Milan por 3-0 e o ambiente exterior não era nada bom...O jogo caminhava para o fim e a derrota estava certa. O treinador tinha-me chamado para entrar. O mais tranquilamente que consegui, não fosse o homem levar a mal, sugeri-lhe discretamente que a escolha recaísse não em mim, mas em um jovem colega avançado, com quem nesse dia partilhava o banco. Para mim essa entrada em campo só me acrescentaria desconforto. Já para o meu colega, há pouco chegado, jogar com o Milan teria sempre efeito positivo. O rapaz agradeceu e o mister felizmente compreendeu. Histórias do século passado."
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