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terça-feira, 13 de agosto de 2024

A dupla que pôs os portugueses a vibrar com o “outro ciclismo”


"É impossível alguém ficar indiferente às expressões de alegria de Rui Oliveira e de Iúri Leitão no pódio da prova de madison dos Jogos Olímpicos.
A dupla portuguesa tinha ganho há poucos minutos uma surpreendente - para quem não segue o ciclismo de pista e o percurso dos atletas nacionais nesta especialidade - medalha de ouro e garantido um lugar na história do desporto nacional ao tornarem-se os primeiros atletas portugueses fora do atletismo a conquistar um ouro olímpico. A este feito Iúri Leitão juntou outro: é o primeiro desportista nacional a obter dois pódios na mesma edição dos Jogos.
A equipa juntou-se ontem a Carlos Lopes, Rosa Mota, Fernanda Ribeiro, Nelson Évora e Pedro Pichardo como ocupantes do lugar mais alto do pódio e agora não vão faltar elogios, cumprimentos e, provavelmente, até grandes especialistas em ciclismo de pista que já anteviam esta glória.
Passadas as frases elogiosas que muitos se apressaram a dizer, é bom colocarmos os pés no chão e lembrar que o que se passou ontem na pista do Velódromo Saint-Quentin-en-Yvelines não aconteceu por acaso. A vitória de Rui Oliveira e Iúri Leitão e o segundo lugar deste na quinta-feira (dia 8) no omnium são o resultado de muito trabalho dos ciclistas e de quem ao longo dos anos tem defendido o ciclismo, uma modalidade sempre muito atacada.
Este dia 10 de agosto ficará na memória de todos os que assistiram às táticas na pista, mas o que mais emocionou foi a alegria dos atletas, o sorriso de “orelha a orelha”, o choro durante o hino, a emoção de Iúri, que teve de ser tranquilizado pelo companheiro de equipa. E até festejaram os dois com um “Siiiuuu”, mundialmente divulgado por Cristiano Ronaldo.
“Muita luta, muito sacrifício. Procurámos durante tantos anos por uma coisa assim. E agora estamos na história do desporto”, disseram quando se acalmaram. Enfim, um pouco, que as emoções estiveram mesmo muito ao rubro.
A 32.ª medalha de Portugal nos Jogos Olímpicos surgiu, assim, de surpresa para muitos - como curiosidade, recordemos que a sexta medalha de ouro foi conquistada 40 anos depois de Carlos Lopes ter vencido a maratona em Los Angeles -, mas é justo lembrar que muita gente tem trabalhado ao longo dos anos para que tal acontecesse um dia.
Se quiserem um momento importante desse trabalho, se calhar podemos recuar a 2009, quando foi inaugurado o Anadia Cycling Centre, o centro de alto rendimento onde o ciclismo de pista tem todas as condições para evoluir. E depois a qualidade dos ciclistas nacionais, muitos deles, como Iúri e Oliveira, que fazem parte de equipas estrangeiras, como a Caja Rural Seguros RGA e a UAE (provavelmente a mais forte equipa do mundo na modalidade e que conta com mais três portugueses: Ivo Oliveira, João Morgado e João Almeida).
O triunfo de Iúri Leitão e Rui Oliveira tem outro marco: o ciclismo passa a ser, a par do atletismo, a única modalidade com ouro olímpico.
Por tudo o que está escrito atrás, a glória desta dupla é mais do que merecida, mas permitam-me deixar um pedido/recado: não se esqueçam de atletas como Fernando Pimenta, que ontem foi menos feliz, mas que tantas medalhas e títulos já conquistou para Portugal. E, a par dele, de todos os outros que defendem mundialmente o nome do país e da modalidade que praticam.
Nestes Jogos, o atletismo, o judo e o ciclismo conquistaram medalhas, mas muitos atletas obtiveram diplomas olímpicos (ficaram até ao oitavo lugar).
E todos cumpriram uma intensa preparação durante quatro anos para estarem em Paris. E, a partir de agora, com o objetivo de marcarem presença em Los Angeles em 2028."

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