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terça-feira, 29 de outubro de 2019

Uma aventura na cidade

"A curiosidade acerca do novo estádio levou a que dois pequenos benfiquistas acabassem perdidos em Lisboa

Os anos de 1953 e 1954 ficaram marcados pela construção do Estádio do Benfica, levando muitos lisboetas a querer acompanhar de perto a edificação do recinto. Na capital, era o tema mais falado entre todos os adeptos, um marco perto de se concretizar. Era o sonho de todos os benfiquistas, independentemente da sua idade.
Vítor Manuel e Pedro Manuel não fugiram à regra. Fiéis amigos de quatro e dois anos e meio, que moravam 'ali para as bandas do Areeiro' e que se encontravam todos os dias na rua para brincarem, na manhã de 19 de Julho de 1954 alteraram a sua rotina. Vítor, o mais velho nos dois, cujo pai era primo de José Maria Nicolau, ouvia constantemente falar do Estádio do Benfica. Apesar de não saber do que se tratava, pensava: 'se é do Benfica tem que ser uma coisa boa'. Assim, decidiu, juntamente com Pedro, visitar o recinto. O petiz tinha ido em tempos ao Campo do Grande e achava que era ali que se estava a construir o tal estádio. Seguiram rumo a essa direcção, de 'mãos dadas - o Vítor protegendo o Pedro - ei-los que aí vão em demanda do Campo do Benfica'.
Como seria de esperar, 'perderam-se, deram voltas e mais voltas'. As horas passavam e os pais de ambos notaram a sua ausência e, depois de os procurarem, temeram que tivessem sido raptados. Instalou-se o pânico para os lados do Areeiro! Só perto da meia-noite, 'depois dos aflitíssimos pais terem percorrido Lisboa inteira à procura dos fugitivos (...), foram encontrados, sentadinhos, muito quietos, ali para as bandas da Alameda das Linhas de Torres - já um pouco distantes do Campo que eles queriam ver, e não viram'.
Todavia, esta história teria um final ainda mais feliz. A aventura dos pequenos benfiquistas chegou ao conhecimento de Carlos Octávio de Almeida, membro da Comissão Central, que foi buscá-los para que fossem ver os campos do Benfica. Depois de uma passagem pelo Campo do Campo Grande, visitaram, finalmente, o grande Estádio do Benfica, que tanto tinham ambicionado conhecer. 'E eles lá foram, gritando, de quando em vez, o seu benfiquismo, ostentando nos peitos juvenis os emblemas que lhes (foram oferecidos) e não largando das mãos pequeninas as bolas' presenteadas pelo dirigente 'encarnado', entre discussões de qual deles seria o mais benfiquista.
Pode saber mais sobre esse e os outros campos do Benfica na área 17 - Chão Sagrado do Museu Benfica - Cosme Damião."

Marisa Manana, in O Benfica

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