"Marroquino aporta à equipa outro critério e clarividência na distribuição de jogo
Fantasmas e Taarabt
1. Depois do penoso resultado e a muito pouco conseguida exibição no clássico, foi interessante perceber as alterações de Lage para reencontrar os caminhos do sucesso e dotar a sua equipa da criatividade e mobilidade que são imagem de marca do seu Benfica. A simples colocação de Taarabt ao lado de Florentino para dividir as tarefas defensivas de cobertura e posterior iniciação de todo o processo ofensivo da equipa trouxe ao jogo encarnado níveis de excelência para os quais o SC Braga não teve antídoto. Apesar de ser um elemento de menor rigor defensivo - comparando com Samaris - aporta à equipa outro critério e clarividência na distribuição do jogo e maior impacto ofensivo e o regresso de André Almeida esclarece de outra forma o conceito de largura do jogo da equipa.
As lesões de Wilson e Tormena retiravam opções a Sá Pinto e este facto associado à alta densidade competitiva a que está sujeita esta equipa do SC Braga em tão pouco espaço temporal fazia adivinhar dificuldades acrescidas para os guerreiros do Minho apesar de fartura de opções que o plantel arsenalista contém. Antecipando dificuldades, Bruno Lage convidou os seus pupilos a circularem a bola com intensidade elevada e imporem às suas acções altas rotações tendentes a desfraldar debilidades físicas a uma equipa sujeita a repetido desgaste e ao mesmo tempo trouxe ao seu plano de jogo, a exploração constante do seu superior jogo interior e as constantes projeções ofensivas dos seus fiáveis laterais.
A colocação de um bloco numa posição médio alta de modo a condicionar o desbobinar de todo o jogo encarnado mostrava as intenções do técnico bracarense mas o acerto de Florentino na primeira fase de construção do jogo do
Benfica criava condições para a ligação de todo o jogo do campeão em título e ia retirando alguma eficácia a este propósito dos minhotos.
Hassan imprudente
2. O equilíbrio aparente em que se desenvolvia a contenda foi quebrado pela acção imprudente de Hassan sobre Florentino e este golo foi a ignição que o jogo encarnado precisava para se soltar definitivamente das amarras e fantasmas trazidos da jornada anterior. O encontro ganhou outras cores e outra vivacidade com as oportunidades a acontecerem junto às duas balizas com o caos a dominar e a suplantar a organização que até ao golo encarnado reinava sobre o relvado da Pedreira. Seferovic era rei e senhor das perdidas - o resultado ao intervalo podia ter outra expressão de Seferovic tem aproveitado as três oportunidades de que dispõe e Ricardo Horta tivesse outro instinto na hora de finalizar.
Autogolos penalizam
3. O segundo golo de Pizzi celebra com distinção todo o jogo interior de uma equipa que trouxe para o campo um plano e executou-o na perfeição e tornou fácil um desafio que pela qualidade do seu opositor se adivinhava complexo. O jogo entrelinhas de Taarabt a sua qualidade de passe a servir Rafa e Pizzi nos seus constantes movimentos interiores confundiram um SC Braga que parecia atordoado e incapaz de reagir de forma capaz e contundente. Nesta dinâmica avassaladora da equipa de Lage a posição de RDT ora ao lado de Seferovic ora baixando para linhas um pouco mais recuadas e a partir daí servir com mestria os colegas, mostrava-nos que a evolução do seu jogo colectivo ia ao encontro do preconizado por Bruno Lage. A supremacia dos encarnados foi-se avolumando e os dois autogolos dos defesas da casa aniquilaram qualquer veleidade ao SC Braga e afundaram completamente os homens de Sá Pinto. Impossível sugerir se outro contexto - sem tanto desgaste do SC Braga - o jogo poderia ter outros contornos e a réplica dos da casa podia ser diferente, mas acreditamos que sim, o que não retira mérito à estratégia desenhada por Lage e concretizada na perfeição pelos seus jogadores."
Daúto Faquirá, in A Bola
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