Últimas indefectivações

domingo, 24 de maio de 2015

75 e 35

"1. Falemos da alegria imensa por mais uma conquista. Falemos de um sonho concretizado: o bicampeonato. Falemos do trigésimo quarto (34) alcançado. Trinta e um ano após a última conquista voltámos a 'bisar'. Sabendo que em 1976/77 conquistámos o tricampeonato e num tempo em que o então Presidente Borges Coutinho 'dispensou' Mário Wilson e contratou John Mortimore. E recordo que essa época, já bem longínqua, começou bem mal já que só à quarta jornada ganhámos pela primeira vez. E nesse ano o nosso querido e saudoso Eusébio jogou, relembro, no Beira Mar! Mas falemos, em relação à bonita festa de ontem, de um Estádio da Luz com muitas famílias, imensa cor, múltiplos sentimentos, sentida partilha. Comunhão total entre as bancadas quase que repletas e o relvado onde vimos um Marítimo organizado, personalizado e que exige todo o cuidado na próxima sexta feira em Coimbra. Mas falemos, igualmente, da memória viva expressa na presença dos grandes nomes da história recente do futebol do Benfica. Treinadores e jogadores. Dirigentes e os milhares de anónimos associados. Aqueles que são o permanente 'colinho' do Benfica-instituição e do Benfica-futebol. Aqueles que saltam do pavilhão para o Estádio, do basquetebol para o hóquei, do futsal para o atletismo. Aqueles que são a alma de qualquer clube, a sua humana paixão, a sua permanente ligação, a sua dedicada relação. Aqueles que, desde o final do dia de ontem, olham para a final da Taça da Liga e sonham 'ultrapassar' em termos de títulos - aceitemos, tão só por tolerância, a não inclusão da Taça Latina! - o Futebol Clube do Porto para chegar, no futebol, ao número 75! É que, neste domingo, estão empatados a setenta e quatro. Mas como nos apercebermos a partir dos cânticos das bancadas também já se vibra - se sonha! - com a antecâmara do 35, ou seja, do arranque do sonho da conquista, na próxima época de um título nacional que significará o tri! Sabendo nós, na linha do grande Vidal Sasson, esse grande publicitário, que «o futebol contém elementos de ballet e de xadrez». E foi esta combinação, quase única, que levou o Benfica ao bicampeonato. Ballet em muitos momentos. Em muitos momentos de diferentes jogos. Mas xadrez como uma constante. A nível directivo e a nível técnico. Só faltou que Jonas conquistasse o título de melhor goleador desta Liga. Aquele fora de jogo assinalado no jogo de ontem...
2. Na Luz houve festa. Muita festa. Festa rija. No Dragão na passada sexta feira tivemos certas despedidas e vimos múltiplas faixas. Com mensagens para o relvado e para 'fora dele'. É a vida. Sempre com a consciência que o futebol é, hoje em dia, nas múltiplas vertentes de um clube, negócio. E negócio é negócio. Já Sporting e Sporting de Braga anseiam pelo próximo domingo para, em razão do resultado, fazerem ou 'a festa - a 'sua festa' - ou 'tentarem justificar o insucesso'. Vitória de Guimarães já sabe, há duas jornadas, que está na Europa. E ontem, mesmo nos minutos derradeiros, e a partir de Barcelos, lá chegou o Belenenses. O que é uma vitória impressionante para a SAD e, em particular, para o seu Presidente Rui Pedro Soares. O que deixa alguns com um grande galo!!!
3. Termina hoje mais uma edição do Rali de Portugal. Está de parabéns o ACP. O Norte de Portugal acolheu, com o entusiasmo do seu Turismo, mais uma edição de uma prova emblemática do automobilismo. A adesão foi total. Milhares e milhares de espectadores. Verdadeira romaria. Recordei a minha juventude. As noites mal dormidas. Da Lagoa Azul a Arganil. Do Montejunto a Viseu. Era uma festa total. Escolhíamos as curvas mais apertadas, as lombas certas, os muros mais altos para acompanharmos os bólides, os grandes nomes, as máquinas de cada momento. Nestes dias ao olhar para a RTP, e para as suas belas transmissões, regressei a esse tempo. A essas noites. A esses momentos. E senti que a nossa alma precisa destas recordações. Precisa mesmo.
4. Lisboa vai acolher, durante os próximos dias, a Volvo Ocean Race. Veremos, a partir da força de vontade de uma empresa portuguesa, na Doca de Pedrouços os barcos que são, no momento, os verdadeiros 'fórmulas 1' dos mares. Esta regata, uma nova volta ao Mundo, atinge mais de setenta mil quilómetros e é dividida em 9 etapas. E a volta terminará em Gotemburgo a 27 de Julho e, por isso, teremos entre nós a Princesa Vitória da Suécia para assistir à partida de Lisboa. O que importa, agora, é seduzir as diferentes equipas para optarem por Lisboa - e, também, por Oeiras e por Cascais - para os seus 'lugares de treino'. Em detrimento das espanholas Alicante ou Valência. Como aprendi com um grande Almirante de Portugal à entrada da barra de Lisboa já há vento. E o vento é o 'bem mais precioso' para estes barcos. Incluindo para os seus treinos. E para as suas tripulações. Na certeza, que quando vejo um barco aproximar-se de um porto, recordo uma expressão de David Blagden: «Não existe altura certa para velejar através do Atlântico sozinho. Há apenas agora ou nunca». Foi, decerto, aquilo que há alguns séculos os nossos marinheiros - e de entre eles Vasco da Gama - assumiram quando partiam para descobriram 'os novos Mundos'!
5. Agora ou nunca é o desafio desta tarde para alguns clubes de Portugal. Tondela, Chaves, Covilhã, União da Madeira e Feirense sonham com o 'salto' para a principal Liga portuguesa. E em Mafra sonha-se pelo acesso à segunda Liga. Vão ser minutos sofridos. Bem sofridos. É a lei da vida. É o sortilégio do desporto. Na certeza que já Moliere assumia que «é no jogo que se vêm os maiores golpes de sorte»!"

Fernando Seara, in A Bola

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