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quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

O encantador de clubes


"Iaúca foi o jogador mais cobiçado durante dois anos

Habitámo-nos a que, a cada defeso, algum jogador se destaque pelo número excessivo de notícias a especular quanto ao seu próximo destino. No entanto, é pouco usual que um jogador seja manchete durante dois verões consecutivos!
No Belenenses desde a temporada 1958/59, Iaúca deslumbrava pela sua enorme qualidade. A imprensa não lhe poupava adjetivos: 'Ele, por si, é um espectáculo, com um futebol inigualável. Não imita ninguém, e ninguém o imita. (...) Joga em áreas. Desenvolve um futebol de inspiração. Nos grandes dias é irresistível, com o seu bambolear estranho, e a bola a transportar-se nos pés, em variações de corrida e ritmo (...), Iaúca nasceu futebolista'.
No verão de 1962, o destino seguinte de Iaúca fez correr bastante tinta, com os jornais a apontarem um novo clube a cada edição. Falava-se de colossos do futebol europeu como Milan, Real Madrid, Torino e Palermo, e a nível nacional de Benfica e Sporting.
O dirigente benfiquista Manuel Afonso, instado a comentar acerca de um possível interesse por parte dos encarnados no avançado, lançou mais achas para a fogueira: 'O Benfica está interessado em todos os jogadores que tenham valor apreciável, como é o caso de Iaúca (...), atendendo às nossas responsabilidades, é evidente que não nos podemos abstrair da transferência de valores como esse jogador. Se o Iaúca é transferível... então estamos interessados em Iaúca'.
Com o inicio da pré-época 1062/63, os dirigentes do Belenenses foram perentórios a sossegar os adeptos azuis ao afirmarem: 'Iaúca é inegociável!' O avançado manteve-se focado e foi peça-chave no ataque do Belenenses, contribuindo para que o clube alcançasse o 4.º lugar no Campeonato Nacional, ao apontar 21 golos em 26 jornadas. Os elogios não tardaram: 'Ganhou personalidade, porque sabe o que pretende, o seu valor e a riqueza que tem na sua mocidade pujante'.
Com vários clubes interessados, o Benfica antecipou-se e iniciou conversações com o Belenenses. Os azuis queriam uma troca entre Iaúca e Torres, que tinha sido o melhor marcador do Campeonato Nacional, mas os encarnados rejeitaram essa hipótese. Os benfiquistas fizeram uma contraproposta bastante aliciante: 2075 contos para o Belenenses, 400 contos para o jogador a uma percentagem para os azuis em caso de uma futura transferência para um clube estrangeiro. O Belenenses aceitou, tornando-se na 'mais cara transferência entre clubes portugueses'.
Iaúca teve logo impacto na sua época de estreia de águia ao peito, participando num ataque demolidor, em que os encarnados apontaram 103 golos em 26 jornadas e conquistaram o Campeonato Nacional.
Saiba mais sobre essa fantástica temporada na área 6 - Campeões Sempre, do Museu Benfica - Cosme Damião."

António Pinto, in O Benfica

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