"O melhor treinador de uma geração (ou várias) debate-se com uma situação inédita na sua carreira: apenas uma vitória em 11 jogos. Será que estamos a assistir ao fim de uma era?
Aquela imagem dos arranhões na cabeça e no rosto de Pep Guardiola dificilmente será esquecida por quem teve o prazer de assistir à evolução do futebol no século XXI graças a ele. O treinador do Man. City vive uma série negativa que poucos acreditariam ser possível (apenas uma vitória em 11 jogos!) e, no final do dérbi de Manchester e da vitória de Ruben Amorim na casa do rival, admitiu que não está a ser «suficientemente bom». Perante os resultados, é verdade que começa a ser difícil contrariá-lo.
Não é a primeira vez, no entanto, que o melhor treinador das últimas décadas e um dos melhores de sempre da história deste jogo tem de justificar fases más, mas é interessante analisar os argumentos de Pep nas últimas semanas e o seu crescente desespero. A culpa já foi das lesões - e quem perde o Bola de Ouro é certo que pode queixar-se, mas num plantel praticamente sem limites financeiros parece só desculpa de mau pagador. Também o facto desta equipa já ter ganho tudo não ajuda - a forma como este Man. City (um clube com pouca história antes dos investidores árabes) se tornou um gigante da competitividade é um dos segredos do técnico catalão, mas pelos vistos nem ele consegue motivar este conjunto de estrelas a ganhar sempre. Mesmo a provocação aos adeptos do Liverpool (são 6 Premier League nas últimas 7, quem resiste a gabar-se disto?) e o bate-boca com José Mourinho com as 115 acusações ao Man. City metidas ao barulho seriam momentos de diversão ou até admiração, se tivessem reação em campo. Assim sendo, são só tristes.
Agora, tendo renovado com o clube e garantido que não o abandona nem que desça de divisão por castigo, Guardiola não está a ser, de facto, suficientemente bom para encontrar soluções que contornem as lesões, a falta de motivação e os adversários que nem precisam de muito para ser melhores (ao Man. United bastou Amad e a estrelinha...). Estamos a assistir ao debate interno e externo da figura que ainda hoje inspira treinadores a jogar de uma determinada forma, mesmo quando não têm recursos para isso. Não está a ser bonito, mas se a solução para ganhar sempre tivesse sido finalmente encontrada isto tinha menos piada.
Mesmo estando tudo encaminhado para correr mal, parte de mim ainda acredita que Pep vai dar a volta a isto, inventando um milagre imediato e reinventando-se para o que falta na sua carreira. Por tudo o que já fez no futebol e o que ainda vai fazer, a verdade é que a marca de Guardiola é muito mais profunda do que estes arranhões."
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