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segunda-feira, 16 de julho de 2018

O 'jour de gloire' chegou. Sem surpresa

"A França é um caso muito sério. Nestes tempos, a periferia de Paris acolhe um sem-número de talentos que podem mudar o futebol.

A França sagrou-se, com mérito, campeã do mundo, depois de sete jogos em que demonstrou qualidade técnica, espírito colectivo e uma assinalável maturidade. Há que contar com estes gauleses para o futuro, porque além de terem apresentado uma equipa que, em altíssima percentagem, pode estar no Mundial de 2022, possuem um plantel notável e contam com terceiras e quartas gerações de afrodescendentes que lhes garantem o melhor dos genes africanos e a cultura táctica e preparação física-atlética europeia. Os arredores de Paris são, hoje em dia, um centro de formação de talentos que pode influenciar a história do futebol europeu. Se a este factor juntarmos o crescente investimento, quer nos clubes, quer no produto televisivo, temos condições para acreditar que a França vai manter-se no top do futebol à escala global. E, porque as coisas estão a mudar, ninguém pode adormecer à sombra dos louros conquistados. Senão vejamos: a Itália, campeã do mundo em 2006, falhou a qualificação para a Rússia, o mesmo acontecendo à Holanda, finalista em 2010 e terceira classificada em 2014. Já a Alemanha, vencedora há quatro anos no Brasil, não passou da fase de grupos, ficando atrás da Suécia, México e Coreia do Sul. Portugal, que dispõe de uma boa geração e tem outros valores seguros a caminho, vai permanecendo numa segunda linha, à imagem da Bélgica e da Croácia, que lhe permite sonhar com um título. Há dois anos tivemos o alinhamento astral certo para tocarmos as estrelas; na Rússia as coisas podiam ter corrido melhor, especialmente se ficássemos no lado certo da grelha. Mas a próxima tarefa de Fernando Santos será encontrar um defesa que esteja à altura das responsabilidades e ambições lusas.
Mais duas notas (além do déjà-vu do presidente da FIFA a dizer que este foi o melhor torneio de sempre), a primeira para o VAR, irrepreensível nas acções de fora de jogo e no local exacto das faltas. O resto, não tem a ver com a tecnologia, mas com o critério de cada árbitro. Uma coisa é certa, foi o Mundial com menos casos.
Finalmente, a decisão da FIFA de impedir os realizadores de mostrarem caras bonitas nas bancadas: quando jogar a Inglaterra, Meghan Markle vai dar o lugar a Camila Parker Bowles, e já ontem a madame Macron foi mais vista que Kolinda da Croácia...

Ás
Didier Deschamps
O seleccionador gaulês entrou numa lista muito restrita de personalidade do futebol que venceram o Mundial como jogadores e treinadores. Deschamps juntou o seu nome a Zagallo (Brasil) e Beckenbauer (RFA) e depois de ter perdido a Champions para o FC Porto e o Euro para Portugal deixou de ser, em Moscovo, o treinador do quase.

Ás
Luka Modric
É a grande figura de uma Croácia que é pequena em território mas imensa não só no futebol, mas na actividade desportiva. O título teria ficado bem no playmaker do Real Madrid, mas a verdade é que o passo era maior que a perna e acabou por imperar a lei do mais forte. Mas o pequeno Luka saiu da Rússia com o prestígio reforçado.

Ás
Kevin de Bruyne
Grande torneio da Bélgica e da sua geração de ouro, que andou muito perto de erguer a Taça. Kevin de Bruyne, juntamente com Éden Hazard, é o porta-estandarte de uma equipa que não se esgotou na Rússia e com a qual há que contar no futuro, fruto de um trabalho em profundidade da federação belga, que frutificou.

O 21.º Capitão Mundial
Hugo Lloris foi o quarto-redes da história a erguer o troféu de campeão do mundo de futebol, sucedendo a Giampiero Combi (Itália, 1934), Dino Zoff (Itália, 1982) e Iker Casillas (Espanha, 2010). Ou seja, 19 por cento dos capitães que venceram o Mundial, são guarda-redes, sendo que esta posição representa apenas nove por cento dos titulares numa equipa de futebol. Curiosamente, de 1930 até hoje, nunca qualquer jogador ergueu o troféu mais do que uma vez. A lista (de honra) completa é esta: José Nasazzi (Uruguai, 1930), Gianpiero Combi (Itália, 1934), Giuseppe Meazza (Itália, 1938), Obdulio Varela (Uruguai, 1950), Fritz Walter (República Federal Alemã, 1954), Hilderaldo Bellini (Brasil, 1958), Mauro Ramos (Brasil, 1962), Bobby Moore (Inglaterra, 1966), Carlos Alberto Torres (Brasil, 1970), Franz Beckenbauer (República Federal Alemã, 1974), Daniel Passarella (Argentina, 1978), Dino Zoff (Itália, 1982), Diego Maradona (Argentina, 1986), Lothar Matthaus (República Federal Alemã, 1990), Dunga (Brasil, 1994), Didier Deschamps (França, 1998), Cafú (Brasil, 2002), Fabio Cannavaro (2006), Iker Casillas (Espanha, 2010), Philipp Lahm (Alemanha, 2014), Hugo Lloris (França, 2018).

CR7: 'There's a new kid in town'
Cristiano Ronaldo já está em Turim, onde é apresentado hoje. A cidade do norte de Itália vive em Ronaldomania e os números de venda de camisolas (à escala global) do novo número sette da vecchia signora são fenomenais: 54 milhões de euros! Este foi o primeiro golo de CR7 pela Juve e muitos outros se seguirão.

É desta massa que são feitos os campeões...
«Fui operado, estive seis meses fora do circuito e tive algumas dúvidas se seria capaz de voltar. Não podia ter tido um regresso melhor...»
Novak Djokovic, tenista
Novak Djokovic regressou ao seu melhor nível e conquistou Wimbledon pela quarta vez, depois de uma final acessível, frente ao sul-africano Anderson e uma meia-final que foi na realidade e decisão antecipada, contra Nadal, num jogo épico e de extraordinária qualidade.
PS - Os semifinalistas deste ano eram trintões; a longevidade no desporto está a aumentar..."

José Manuel Delgado, in A Bola

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