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terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

Vieira, o 'penta' e Vitória

"Esperam os adeptos do Benfica que todas as energias se concentrem no campeonato, encarando-se a segunda volta com a competência, energia e garra que faltaram na primeira

«Mais do que nunca continuamos a trabalhar para fazer mais história com a conquista do penta» - foi esta a declaração mais galvanizante de Luís Filipe Vieira na cerimónia onde foram revelados os nomeados para os Galardões Cosme Damião.
Num período em que o Benfica tem sido associado por notícias que beliscam o seu bom nome, a uma cadência estranhamente metódica e acintosa, Vieira aproveitou a ocasião para reforçar a confiança, sem alteração de rumo, no sentido de um emblema «cada vez mais forte», ao mesmo tempo que não revelou estranheza pela desprazível situação, dado estar convencido, como sublinhou, de que «quanto mais fortes, mais pedras no caminho» iriam colocar-lhes e todas as distracções seriam criadas para que se perdesse o «foco essencial»: a conquista do penta, o fito por ele definido para a presente época ainda durante os festejos no Marquês do 36.º campeonato.
A ambição presidencial é elogiável. Aplaudida pelos jogadores, que devem ter gostado de que ouviram, mas não se sabe se correspondida pelo treinador, em resultado do que se passou e do que continua a passar-se em termos de gestão de um plantel, o qual, apesar de não ser nenhuma maravilha, reúne valor para se lhe exigir muito mais do que aquilo que ofereceu até ao dia de hoje, mesmo com os azares que batem à porta.
Afastado o Benfica de todas as outras competições, esperem os adeptos que todas as energias se concentrem no campeonato, encarando-se a segunda volta com a competência, energia e garra que faltaram na primeira. No entanto, o empate com o Belenenses, a sombria primeira parte com o Rio Ave e o deixar andar até permitir o empate com o Portimonense são os exemplos mais recentes de uma casa que, manifestamente, continua por arrumar,

A justiça do 'alegadamente' e 'supostamente'
Tudo quanto respeita ao Benfica interessa aos meios de comunicação social, porque interessa às pessoas: vende mais jornais e aumenta audiências nas rádios e televisões. Que me lembre, desde que abracei a profissão de jornalista, sempre foi assim, sinal de grandeza do emblema da águia, não direi maior do que todos os outros, mas, seguramente, maior do que qualquer um dos outros.
É normal o Benfica ser o tema dominante e quase diário em jornais, rádios e televisões. Ou deveria ser norma, não se desse o caso de haver aceitáveis razões para desconfiar de interesses alheios na proliferação noticiosa de alguma forma enganchada na investigação que lhe está associada por suspeita de más práticas na Luz.
Se a justiça não intervém é criticada, mas se resolve intervir deixa de ter sossego por causa do frenesim de canais que se consideram donos da boa informação e que fazem do alegadamente e do supostamente uma espécie de justiça alternativa que condena e absolve no tribunal da opinião pública e, se lhe derem essa liberdade, interfere, até, no curso das diligências judiciais.
O último alvoroço foi espoletado há pouco mais de uma semana, através dos circuitos habituais, e mereceu assinalável repercussão em jornal de referência no sábado seguinte (dia 10): a PJ anda à caça de um espião do Benfica no Campus da Justiça, que terá acedido a peças processuais no caso dos e-mails e as terá transmitido a uma ou mais sociedades de advogados com as quais «o clube em apreço manterá uma relação contratual atinente à prestação de serviços jurídicos».
Muito bem, mas convém destacar que esta descoberta resulta de uma informação de serviço da Polícia Judiciária que aparece escarrapachada na Internet para quem a quiser ler. Tem a data de Setembro do ano passado e refere uma comunicação de um coordenador de investigação criminal para a sua directora, com base em denúncia anónima, via contacto telefónico, em que foram relatados «actos susceptíveis de consubstanciar, em abstracto, os crimes de violação do segredo de justiça, violação de segredo por funcionário e de corrupção passiva para acto ilícito».
Foi, pois, com base nesta denúncia de «factos graves» que a PJ, pelo que se pode ler, andará à caça do dito espião ao serviço do Benfica, sem, antes, presumo, se dar ao cuidado, para salvaguarda da boa imagem de uma instituição que prezamos, de apurar como foi possível que uma comunicação interna sensível fosse desviada e possa ser lida e discutida à mesa de qualquer bar ou restaurante.
O Benfica vende, mas é minha convicção tratar-se de uma história mal contada. Como diz o provérbio, não bate a bota com a perdigota..."

Fernando Guerra, in A Bola

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