Últimas indefectivações

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

'Um mar humano'

"Desmaios e invasão de campo no dia da conquista do nono Campeonato Nacional.

O Campeonato Nacional de futebol teria o seu epílogo a 31 de Março de 1957. O Benfica embora líder da classificação, somava apenas mais um ponto que o FC Porto. Tudo se decidiria nessa última jornada. O Benfica teria de ganhar, na Luz, frente à Académica para conquistar mais um título de campeão nacional.
Os momentos que antecederam o encontro foram de intensa expectativa. O público cedo começou a encaminhar-se para o Estádio. Formou-se uma 'verdadeira multidão', um 'mar humano'. Mas nem só de encarnado se vestiam as bancadas da Luz, pois 'os estudantes deslocaram a Lisboa numerosa falange de apoio'.
O jogo teve início às 15h. O Benfica rapidamente mostrou 'que, mais minuto menos minuto, a bola dançaria nas malhas da baliza contrária'. No entanto, a Académica resistiu no primeiro tempo e a ansiedade crescia. Já no início da segunda parte, o 'Glorioso' inaugurou o marcador. 'À bancada (...) acorreram os bombeiros com a maca e, sobre ela, vencido pela emoção, um adepto dos «encarnados» foi transportado' para o balneário, inerte. Quatro minutos, depois, novo golo 'encarnado' e... outro desmaio. 'Desta vez foi uma senhora (...). A maca não chegou a ser necessária. Mais animosa, a senhora em breve se recompôs. Desceu aos balneários, bebeu um calmante, e lá foi, pista fora, recuperar o seu lugar'.
O tempo corria, os minutos passavam e o desejo de chegar ao fim e festejar era cada vez maior. Quando o árbitro deu por finda a partida, foi 'o fim do mundo!'. O Benfica ganhara por 2-0, era campeão nacional!
A multidão, na ânsia de erguer em triunfo os campeões, começou a saltar para dentro do campo. Vinham de todos os lados. O relvado ficou 'repleto de público, sem se perceber bem como e donde saiu, pois as bancadas continuavam repletas'. 'Nunca o Estádio da Luz apresentou tão festivo aspecto'. Roland Oliveira esteve presente e fotografou.
Depois, a festa continuou na cabina. Os dirigentes do clube abraçavam-se, abraçavam 'os jogadores' e, 'enquanto o champanhe corria a jorros', o homem do desmaio acordou, 'olhos à sua volta, localizou o ambiente e começou a gritar: Benfica! Benfica! Benfica!'
Pode ver esta e outras fotografias na exposição Roland Oliveira, em exibição na Rua Jardim do Regedor, em Lisboa."

Mafalda Esturrenho, in O Benfica

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