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quarta-feira, 17 de junho de 2015

Proeza que bateu de longe todos os prognósticos

"Nem os furúnculos, nem a chuva impediram José Maria Nicolau de vencer a X Porto-Lisboa num impressionante tempo recorde.

Em 1932, após cinco anos de interregno, foi retomada a Porto-Lisboa em ciclismo. Seria a primeira vez que José Maria Nicolau participaria nesta dura prova de 340 quilómetros percorridos de uma só vez entre o Porto e a capital.
Mas por azar, seis dias antes da prova, após um treino que fez no Porto, foi atacado por uma grande quantidade de furúnculos nos pés, a ponto de quase não poder andar. Convenceu-se de que se estava impossibilitado de participar - chorou lágrimas amargas! Ao sujeitar-se a um tratamento rigorosíssimo, melhorou. Porém, às vésperas da partida, por efeito do tratamento, o pé esquerdo a inchar desmedidamente a ponto de não conseguir calçar o sapato! Mas a estrela da sorte estava de seu lado, com tratamento o pé desinchou e pôde tornar o seu sonho realidade.
Partiram do Porto às 2h30 da madrugada de 17 de Julho. O tempo mudou e a chuva que começava a cair em pleno verão fustigou os corredores em quase todo o percurso. Porém, o entusiasmo pela prova era tal que isso não impediu que milhares de pessoas vibrassem com a passagem dos corredores. Desde a aldeia mais pequena até à cidade mais populosa não faltou público a saudar e a encorajar.
José Maria Nicolau impôs um andamento vigoroso à prova. Já perto de Lisboa, imprimiu à corrida o máximo de velocidade que lhe era possível. Era surpreendente a sua energia para quem já tinha feito 300 Km.
Apenas aguardado por volta das 16h, entrou na pista do Estádio do Lumiar pouco depois das 14h30. Ainda chegavam pessoas ao Estádio e muitas só chegaram depois! Fez sem esforço as seis voltas complementares sempre delirantemente aplaudido. Pela primeira vez venceu a Porto-Lisboa e conseguiu a proeza de baixar o tempo da prova em 2h 35m e 11s. No final, os colegas levaram-no aos ombros para mais uma volta à pista em apoteose de triunfo.
Poderá recordar esta e outras conquistas deste grande nome do ciclismo português na área 2. Ídolos de sempre do Museu Benfica - Cosme Damião."

Ana Filipe Simões, in O Benfica

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