"Thiago Henrique cumpre a sua segunda temporada na equipe principal. Tem quase 19 anos. Já tem três assessores. Quatro agentes. Um pai coruja. Doze (ou mais) amigos puxa-sacos. Sobretudo, cresce numa bolha intransponível que estupidamente o protege dia e noite, noite e dia.
É dirigido por um treinador que publicamente evita toda e qualquer crítica negativa de forma pública. Escuta sempre a boa e velha desculpa de que "comigo não há análises individuais". Está seguro quando falha. Praticamente relaxado.
Entretanto, quando acerta em campo, vê o mesmo treinador a usar o microfone para fazer individualmente - e incoerentemente - uma pormenorizada avaliação altamente positiva. É inundado por elogios. Tem o ego afagado. Sorri de orelha a orelha.
Quando os erros são também coletivos, acaba por levar com outra cansativa explicação de quem o comanda, que, neste caso, enche o peito na entrevista pós-derrota para ressaltar que "toda a responsabilidade é do treinador". Novamente passa ileso.
É um homem em construção. Cogita então vez ou outra abrir uma janela para os jornalistas. Quer contar um pouco dos altos e baixos naturais de um jovem em evolução, especialmente num grande clube. Permissão negada de imediato. Ouve frequentemente que "agora não é a hora de falar".
Poderia ser Thiago Henrique, mas acaba por ser Martim Fernandes e Rodrigo Mora, talvez João Rego e Gianluca Prestianni ou, quem sabe, Geovany Quenda. Poderia, na verdade, ser Diogo Costa, Fábio Vieira, Galeno, Otamendi, Di María, Pedro Gonçalves ou Gyökeres. Tanto faz.
No fundo, deixou de ser uma questão de idade. A profissão é extremamente exigente, sem dúvida. É preciso abrir mão de muita coisa, com certeza. Mas, ao mesmo tempo, o acolhimento nos dias de hoje já passou dos limites. Irrita profundamente. Vivem abraçados num mundo paralelo."
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