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quarta-feira, 2 de março de 2022

Uma carreira exemplar


"Jacinto Marques, apesar de discreto, protagonizou um percurso recheado de êxitos

A qualidade de um atleta é um dos elementos que, à primeira vista, permitem vaticinar acerca de até aonde pode chegar. No entanto, um dos factores mais importantes é a sua mentalidade, se tem ferramentas necessárias para aguentar as críticas ou mesmo para não se perder nos elogios.
Em 1942, José de Castilho, na altura secretário-adjunto da Direcção do Benfica, descobriu Jacinto quase por acaso. O dirigente foi com Antero José Trigo, também integrante da Direcção encarnada, assistir a uma partida da 2.ª categoria do Carcavelinhos. Ambos ficaram maravilhados com a prestação de Jacinto e concordaram que possuía qualidades para jogar no Benfica. 'Modesto, leal e correcto', tinha a alcunha de 'Direitinho'. A celeridade nas negociações fez com que se antecipassem a outros clubes interessados e a quererem pagar mais do que os 10 contos oferecidos pelos benfiquistas.
O defesa integrou, primeiro, a equipa de reservas, e na temporada seguinte foi chamado a alguns encontros da equipa de honra. Em 21 de Novembro 1943, estreou-se frente ao Belenenses e realizou uma boa partida. No entanto, nas exibições seguintes, o jogador foi alvo de crítica dos adeptos, que se dirigiam directamente a José de Castilho, questionando-o: 'Onde é que foste descobrir o Direitinho?'.
Todavia, Jacinto 'era um jogador fora da craveira habitual, modesto, leal, correctíssimo, (...) que nunca deixo de trabalhar'. Progressivamente, conquistou um lugar no onze, convenceu os adeptos e mereceu a braçadeira de capitão. Teve uma carreira de 14 épocas de águia ao peito, em que conquistou quatro Campeonatos Nacionais, quatro Taças de Portugal e o primeiro troféu internacional do Clube, não sendo o primeiro a erguer a Taça Latina porque, com as emoções da partida, 'ficou tão contente, tão feliz, que até se esqueceu de ir buscar o cobiçado troféu. Só na cabina, e depois do Rogério lá o ter ido buscar, é que se deu conta do sucedido'.
Em 1 de Setembro de 1957, Jacinto foi merecedor de uma bonita festa de homenagem na sua despedida dos relvados. Apesar de não, 'ter sido um às de primeira grandeza e sem nunca ter tido a honra de envergar a camisola das quinas na equipa A', o jogador ganhou a estima dos adeptos, colegas e companheiros, pela sua eficiência dentro de campo e postura exemplar, tanto dentro quanto fora das quatro linhas. O público quis prestigiar uma bonita carreira, e o jogador foi alvo de vários tributos.
Saiba mais sobre este fantástico futebolista na área 23 - Inesquecíveis, do Museu Benfica - Cosme Damião."

António Pinto, in O Benfica

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