Últimas indefectivações

sábado, 26 de fevereiro de 2022

Bancadolândia


"São coisas tão naturais e automáticas como respirar, quase nem damos por elas, mas, no melhor, no pior no assim-assim, as decisões estão presentes em praticamente todas os instantes das nossas vidas. Das comezinhas às relevantes a impactantes, (vi)vermos de tudo por baixo de um teto de infinito escrutínio e avaliação do qual também somos e fazemos parte. A sensatez suporta-nos, facilita-nos o dever de respeitar, mas jamais nos poderá tolher a capacidade de diagnóstico das circunstâncias e das ações, porque a tolerância tem limites. E é neste ponto que transito para o lamentável mar de interpretações desprovidas de bom senso em que a arbitragem teima em ser náufraga no futebol português.
Das duas, uma: ou a essência do futebol (com que crescemos) mudou e esqueceram-se de nos avisar... ou então, por cá, o absurdo está em acelerada reprodução por contágio no que respeita ao cariz dos juízos técnicos e (sobretudo) disciplinares que tendem a comprometer e a mascarrar a verdade desportiva.
Apitar por tudo e por nada já é enervante, não saber discernir ou confundir ou conceitos de intencionalidade e de causalidade, no momento de, por exemplo, ir ao bolso sacar cartões e baralhar as cores, é 'só' ainda mais irritante, distorcivo e aniquilador.
O futebol dos livros é uma coisa, o futebol jogado é outra. No entendimento e na sábia conjugação destes dois mundos, o teórico e o prático, encontraremos, acredito, a virtude. Menos letra e mais bola, pro favor! Será pedir muito para o futuro? Também aqui, a formação será chave.
Se, por hipótese, a prática continuada desde desporto por um período não inferior a três/quatro/cinco anos, num contexto (amador que seja) de compromissos e responsabilidade, de apresentar aos árbitros de amanhã como um imperativo curricular, talvez as esperanças cresçam no sentido de virmos a ter arbitragens mais alinhadas com a equidade e com o bom senso. Porque não é somente a aprovação num curso que faz de nós melhores ou piores decisores! Garantidamente, não será somente pela capacidade de decorar as regras e as leis do jogo de uma ponta é outra que um árbitro profissional será melhor ou pior. Quanto a isto, julgo que (infelizmente) já estaremos bem esclarecidos nas bancadas."

João Sanches, in O Benfica

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