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terça-feira, 11 de junho de 2019

O talismã dos minutos finais

"Sempre que Mantorras ia para aquecimento, o público vibrava como se de um golo se tratasse

A alegria do futebol está no golo. Nenhuma grande defesa é tão festejada como um golo, mesmo o pior gera uma enorme explosão de contentamento. Como tal, os avançados costumam ser os predilectos dos adeptos. Mantorras fazia parte desse grupo, juntando, ainda, uma postura semelhante ao futebol que se pratica na rua ou no recreio de uma escola. Alegre, de pés coordenados e ao ritmo do bailado do corpo, enfrentava os defesas que lhe aparecessem à frente. Sem receio de quem fosse, passava por um, dois, três. Classe em movimento. Quando marcava, festejava como ninguém, corria como se o campo não fosse terminar, dançava e na sua cara via-se a mesma de um garoto que sente pela primeira vez a sensação de marcar um golo.
Na época 2000/01, o angolano, com apenas 19 anos, vinha a realizar uma excelente temporada ao serviço do Alverca e foi considerado uma das revelações do Campeonato Nacional. O Benfica antecipou-se à concorrência e garantiu a contratação de Pedro Mantorras, sendo o primeiro reforço para a temporada seguinte.
A boa prestação do avançado na pré-época valeu-lhe a titularidade. 'O seu jogo alegre, movimentando-se entre os defesas, numa atitude de não se preocupar com eles, antes pelo contrário, tornou-o imbatível nas jogadas de um para um', e fez com que rapidamente fosse um dos jogadores preferidos dos adeptos. Na 3.ª jornada, realizou uma das melhores exibições da sua carreira. Na recepção ao Vitória de Setúbal, o Clube até começou a perder, mas Mantorras operou a reviravolta, ao apontar os três golos do triunfo por 3-2. Deu ainda um recital de toda a sua qualidade, empolgante e com um reportório vasto de fintas que, aliadas à sua velocidade, permitiram que ultrapassasse os adversários com enorme facilidade. O angolano foi uma das peças-chave da equipa ao longo da competição, sendo o melhor marcador dos 'encarnados' no Campeonato Nacional.
A enorme criatividade do avançado resultou em inúmeras entradas duras ao longo da competição acabando por se lesionar gravemente no joelho. Nas duas épocas seguintes, participou em muito poucos jogos. Condicionando fisicamente, Mantorras voltou a ser determinante na época 2004/05. Percebendo as suas limitações, tornou-se exímio a rentabilizar o tempo de jogo. Partia do banco e 'agitava' o encontro. O momento de euforia acontecia assim que ia para aquecimento. O angolano foi decisivo na conquista do Campeonato Nacional. Encarado como 'talismã do Benfica', marcou o golo da vitória nos últimos minutos na 27.ª jornada, frente ao Marítimo, e na 30.ª jornada, contra o Estoril. Desta forma, os 'encarnados' festejaram o título 11 anos depois.
Saiba mais sobre esta conquista na área 6 - Campeões Sempre do Museu Benfica - Cosme Damião."

António Pinto, in O Benfica

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