Últimas indefectivações

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Pontos cardiais

"Percebemos que o Sporting perdeu claramente, o FC Porto perdeu parcialmente e que o Benfica ganhou indiscutivelmente.

1. (...)
2. No sábado o sorteio dos árbitros foi largamente chumbado na Assembleia Geral extraordinária da Federação. Os números são eloquentes. E importa dizer, assim, que nem todos os clubes profissionais que integram a referida Assembleia Geral votaram a favor do sorteio. Que tinha sido aprovado na Assembleia Geral da Liga. Não é caso nem para falar de derrota nem, como alguns, de «tormenta». É caso para assumir, tão só, que o órgão deliberativo máximo do nosso futebol entendeu manter, na linha da globalidade das outras federações mundiais, a nomeação como método comum de designação dos árbitros nas nossas principais competições. Percebemos que o Sporting perdeu claramente. Que o Futebol Clube do Porto perdeu parcialmente. E que o Benfica ganhou indiscutivelmente. Não é nenhum sinal nem para a época desportiva nem para as eleições para a Liga que amanhã se disputam. É a derrota, sim, de todos aqueles que, principalmente às escondidas, queriam fragilizar a estrutura de arbitragem da Federação e, em particular, do seu Presidente Vítor Pereira. Como aqui escrevemos muitos dos que votaram na Liga a favor do sorteio não o fizeram por convicção. Fizeram-no por meros interesses de conjunturais. Muitos não queriam, de verdade, qualquer mudança no sistema. Queriam, tão só, advertir a liderança da arbitragem. E pressentindo eu que alguns treinadores de clubes que defendem o sorteio assumem, no seu íntimo, que a nomeação dever ser o método preferencial de designação das equipas de arbitragem. E escrevi, para alguns distraídos ou que se fingem desconhecedores, equipas de arbitragem!
3. Ontem terminou a Volta a França e na próxima quarta feira arranca, em Viseu, a Volta a Portugal. Não esqueço que a Volta a França só parou duas vezes. Em 1915 e em 1940 em razão das duas Grandes Guerras Mundiais. É que, como se escreveu, «uma paragem do Tour é uma paragem do coração». Este ano a nossa Volta termina, de novo, em Lisboa. Passando pela Senhora da Graça e Oliveira de Azeméis. E não esquecendo, naturalmente, a Serra da Estrela. Momento único. Paisagem inesquecível. Momentos singulares. O povo abraça os ciclistas. Empurra-os. Estimula-os. Molha-os. E eles olham para o céu que quase os toca e que os motiva à superação. O ciclismo é, hoje em dia, um dos poucos desportos de 'todos'. Leva às bermas das estradas jovens e menos jovens, homens e mulheres. A Volta a Portugal vai prender as atenções de milhares de desportistas. A par de contratações de jogadores ou dos resultados dos primeiros jogos oficiais no âmbito da Liga Europa. E o interessante é que acaba a Volta na tarde do dia 9 e nessa mesma noite Benfica e Sporting disputam, num lotado Estádio do Algarve, o primeiro troféu oficial da época.
4. Setenta anos depois do final da Segunda Guerra Mundial e, logo do Holocausto, - e sabendo todos que os Jogos Olímpicos de Berlim em 1936 foram um dos marcos desportivos de Hitler - arrancam, amanhã, também no Estádio Olímpico de Berlim, os denominados Jogos da Comunidade Judaica Mundial. A história do desporto deve registar, mesmo que em pequenas linhas, estes momentos. Onde a palavra tolerância se combina com lembrança. A recordação com humanidade. A grandeza com compreensão. Bem o senti quando, há alguns anos, visitei Jerusalém e pouco tempo depois Auschwitz. Visita que me marcou para a vida. E me ajudou a definir os meus pontos cardiais!"

Fernando Seara, in A Bola

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