"O VOLEIBOLISTA VÍTOR
RODRIGUES DE CARVALHO
VIAJOU DE ITÁLIA ATÉ
LISBOA PARA ALINHAR
PELA SUA EQUIPA
As águias que representam o Benfica em campo
não voam, pelo menos
literalmente. Fazem-no
de forma idílica e passam essa
impressão aos que as assistem
das bancadas. Este zoomorfismo, condição em que o homem
possui caraterísticas dos animais, podia ser aplicado a Vítor
Rodrigues de Carvalho, tanto
pela forma como se apresentava
em campo como pela maneira
que a ele chegava, trazendo
consigo abnegação e sacrifício.
O voleibolista estreara-se no Torneio de Abertura de 1958 e alinhou com a camisola do Benfica
durante 15 épocas.
A sua atividade desportiva
começara na ginástica, via pela
qual integrou o Benfica, onde
também praticou atletismo. Foi
por uma aposta com um amigo
que resolveu dedicar-se exclusivamente ao voleibol, “por ter
considerado esta a modalidade
de mais difícil execução que permite um desenvolvimento físico
mais completo”.
Mas o motivo deste texto é
outro. Quase 10 épocas depois,
no início de 1966, o jornal O Benfica concedeu-lhe espaço para
uma entrevista, onde anunciaram que Rodrigues de Carvalho
se retiraria do voleibol em breve,
por motivos familiares e profissionais. Empregado como inspetor de vendas da Olivetti, empresa italiana de material de escritório, era continuamente obrigado
a deslocar-se ao país do seu
empregador.
No dia 21 de janeiro de 1967,
decorrendo o Campeonato Regional, Rodrigues de Carvalho alterou o seu plano laboral para alinhar pela equipa. Devido ao mau
tempo, não conseguiu voo direto
para Lisboa, mas conseguiu um
voo com escala em Madrid, chegando, a uma hora do início da
partida, ao aeroporto da Portela.
Frente ao Lisboa Ginásio Clube
(vitória encarnada por 3-2), as
crónicas focaram-se no voleibolista como “um dos melhores
jogadores nacionais” e pedra-
-base da equipa benfiquista.
No ano seguinte, Nuno Barros, treinador, encontrava-se
perante uma equipa desfalcada
para encarar o Campeonato
Nacional. Rodrigues de Carvalho
estava entre os nomes ausentes,
cumprindo estágio profissional
em Florença. No arranque
da competição, em 4 de maio
de 1968, recebia-se o Técnico,
no Pavilhão da Luz, com início às
21:30. Soando o apito, entrou
no pavilhão o melhor rematador
do Benfica, que galvanizou os
seus colegas e prestou uma grande exibição, “fazendo esquecer o
seu mês e meio de ausência dos
treinos e jogos e as 36 horas que
esteve sem dormir antes desta
memorável partida”. O Técnico,
no entanto, foi superior.
Os arautos da saída de Vítor
Rodrigues de Carvalho tiveram
de esperar mais 6 épocas para
verem a sua profecia cumprida, a
tempo de o verem envergar a braçadeira de capitão e de conquistar mais 3 troféus, juntando-os a
outros como a Taça de Portugal
de 1966.
Conheça o nome de outros
campeões de voleibol na área 3 –
Orgulho Eclético, no Museu Benfica – Cosme Damião"
Pedro S. Amorim, in O Benfica

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