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quarta-feira, 3 de setembro de 2025

Como voa uma águia


"O VOLEIBOLISTA VÍTOR RODRIGUES DE CARVALHO VIAJOU DE ITÁLIA ATÉ LISBOA PARA ALINHAR PELA SUA EQUIPA

As águias que representam o Benfica em campo não voam, pelo menos literalmente. Fazem-no de forma idílica e passam essa impressão aos que as assistem das bancadas. Este zoomorfismo, condição em que o homem possui caraterísticas dos animais, podia ser aplicado a Vítor Rodrigues de Carvalho, tanto pela forma como se apresentava em campo como pela maneira que a ele chegava, trazendo consigo abnegação e sacrifício. O voleibolista estreara-se no Torneio de Abertura de 1958 e alinhou com a camisola do Benfica durante 15 épocas.
A sua atividade desportiva começara na ginástica, via pela qual integrou o Benfica, onde também praticou atletismo. Foi por uma aposta com um amigo que resolveu dedicar-se exclusivamente ao voleibol, “por ter considerado esta a modalidade de mais difícil execução que permite um desenvolvimento físico mais completo”.
Mas o motivo deste texto é outro. Quase 10 épocas depois, no início de 1966, o jornal O Benfica concedeu-lhe espaço para uma entrevista, onde anunciaram que Rodrigues de Carvalho se retiraria do voleibol em breve, por motivos familiares e profissionais. Empregado como inspetor de vendas da Olivetti, empresa italiana de material de escritório, era continuamente obrigado a deslocar-se ao país do seu empregador.
No dia 21 de janeiro de 1967, decorrendo o Campeonato Regional, Rodrigues de Carvalho alterou o seu plano laboral para alinhar pela equipa. Devido ao mau tempo, não conseguiu voo direto para Lisboa, mas conseguiu um voo com escala em Madrid, chegando, a uma hora do início da partida, ao aeroporto da Portela. Frente ao Lisboa Ginásio Clube (vitória encarnada por 3-2), as crónicas focaram-se no voleibolista como “um dos melhores jogadores nacionais” e pedra- -base da equipa benfiquista.
No ano seguinte, Nuno Barros, treinador, encontrava-se perante uma equipa desfalcada para encarar o Campeonato Nacional. Rodrigues de Carvalho estava entre os nomes ausentes, cumprindo estágio profissional em Florença. No arranque da competição, em 4 de maio de 1968, recebia-se o Técnico, no Pavilhão da Luz, com início às 21:30. Soando o apito, entrou no pavilhão o melhor rematador do Benfica, que galvanizou os seus colegas e prestou uma grande exibição, “fazendo esquecer o seu mês e meio de ausência dos treinos e jogos e as 36 horas que esteve sem dormir antes desta memorável partida”. O Técnico, no entanto, foi superior.
Os arautos da saída de Vítor Rodrigues de Carvalho tiveram de esperar mais 6 épocas para verem a sua profecia cumprida, a tempo de o verem envergar a braçadeira de capitão e de conquistar mais 3 troféus, juntando-os a outros como a Taça de Portugal de 1966.
Conheça o nome de outros campeões de voleibol na área 3 – Orgulho Eclético, no Museu Benfica – Cosme Damião"

Pedro S. Amorim, in O Benfica

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