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quarta-feira, 16 de setembro de 2020

E agora, Benfica?


"E agora, Benfica? Dormi mal. Normalmente acontece sempre que o Benfica tem um resultado menos positivo, mas algumas noites são piores que as outras. E a de ontem foi particularmente má porque a expectativa era equivalente à responsabilidade do jogo: enorme.
Permitam-me então que desabafe um pouco para ultrapassar esta desilusão.

Paok x Benfica
Quando saiu o sorteio fiquei desconfiado porque não partilho da ideia "o Benfica é sempre favorito" quando apanha PAOKs da vida numa qualquer eliminatória. O passado recente tem demonstrado precisamente o contrário e, na verdade, o Glorioso transformou-se num clube banal a nível europeu a partir de 2015/2016, ano da última boa prestação europeia. Desde aí demonstrámos quase sempre enormes dificuldades nos jogos europeus, mesmo contra equipas teoricamente mais acessíveis, e os resultados estão à vista.
Falando concretamente sobre o jogo de ontem, aos 30 minutos de jogo tínhamos 70% de posse de bola e mesmo assim estava desconfiado. Tudo muito lento, poucas ideias para ultrapassar o bloco baixo à tugão do PAOK e das poucas vezes que conseguíamos encontrar espaço o lance terminava com um cruzamento sem nexo ou uma finalização defeituosa. O costume, portanto.
E o problema é precisamente este: não há milagres! Desengane-se quem achava que Jorge Jesus chegava ao clube e em pouco mais de 1 mês transformava jogadores absolutamente medianos em craques. É surreal verificar que, depois de mais de 80 milhões de investimento, entrámos num jogo decisivo com um 11 muito semelhante ao que nos brindou com as vergonhas da época passada. E sendo certo que a equipa já demonstra uma organização diferente, o resto continua tudo lá. Falta atitude, agressividade (positiva), qualidade em várias posições e, acima de tudo, aquele temperamento dos campeões que faz com que a equipa reaja de forma imediata a uma adversidade. Connosco acontece precisamente o contrário, sofremos um golo e todos os bons processos desaparecem. É desesperante!
O primeiro golo do PAOK apareceu com naturalidade, dadas as características do jogo, e o segundo é vintage Benfica. Estava escrito que o Zivkovic ia marcar. A partir daí foi só uma espera agoniante pela confirmação final do afastamento da próxima edição da Liga dos Campeões.
Notas positivas: Everton, um craque; a dupla de centrais esteve muito bem e Pedrinho também demonstrou irreverência e atitude.

Investimentos
Até ao momento investimos cerca de 80M no plantel, metade esteve enterrado no banco ontem. Parece-me claro que estas aquisições foram feitas a contar com as receitas da Champions League, cerca de 50M/ ano, e a venda de um jogador do plantel, provavelmente Vinícius. Ora as primeiras foram à vida e a venda do avançado pelos valores que se esperavam parece-me cada vez mais difícil, até porque o brasileiro é neste momento suplente de Seferovic. E agora?
Para além deste investimento, temos 3 empréstimos obrigacionistas para pagar, um parcial em 2021, outro em 2022 e ainda mais um em 2023. Adicionalmente temos também um empréstimo aproveitando uma linha de crédito do Novo Banco no valor de 28M. Isto a juntar às perdas de cerca de 20M devido à pandemia, tal como indicado por LFV em entrevista recente. Ninguém está preocupado com isto? Eu estou... e muito! Não podemos voltar a um passado recente, por isso a ordem neste momento é para limpar a casa e vender todos os excedentários pelo melhor preço possível.

Plantel
80 milhões depois e ainda temos um 11 cheio de buracos. Faltam 2 laterais, esquerdo e direito, e um médio-centro capaz de dar equilíbrio ao meio, algo que Taarabt claramente não consegue fazer durante 90 minutos. Destes 80 milhões, 3 foram dedicados à defesa (Gilberto) e um valor não anunciado no excelente Vertonghen. Não entendo este desequilíbrio e desprezo pelo reforço da defesa, especialmente quando são notórias as dificuldades nas alas. Não faz sentido e temo que continuará a ser assunto durante os próximos meses.
Everton e Vertonghen estão mais que aprovados e são reforços de peso. Pedrinho, Darwin e Waldschmidt são incógnitas com potencial de crescimento, que certamente terão oportunidade de se mostrar ao longo da época, mas não têm lugar no 11 garantido.

Campeonato
No Benfica já se sabe que é sempre para ganhar, mas esta época ganha especial importância não só pelo investimento feito, mas também pela resposta que tem de ser dada depois do humilhante final de época passada. Não há volta a dar, é para arrasar! Sem desculpas, sem choradeira, sem medo. É ir para cima deles desde o primeiro minuto para ficar desde logo bem definido quem é o galo desta capoeira. Venham de lá os 3 pontos em Famalicão e, de preferência, com uma boa exibição."

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