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segunda-feira, 29 de abril de 2019

Qual a nova fórmula para ser Campeão?

"Embora a diferença pontual entre o campeão e o vice-campeão das principais ligas de Futebol da Europa se tenha mantido constante nas últimas duas décadas, é muito frequente ouvir-se dizer que um Campeão ganha os campeonatos, tal como os jogos, por detalhes. E para explicar esses detalhes é comum serem indicados dois factores fundamentais: o talento e a prática dos atletas. Isto permite desenhar a (antiga) fórmula para ser Campeão:
Campeão = Talento + Prática
Mas, basta (só) ter Talento?
Parece que não. E a prova disso é que (unanimemente) os treinadores dizem que os jogos ganham-se nos treinos. Mas, também, é preciso que os atletas tenham pezinhos (no caso do futebol), como habitualmente dizem os treinadores, comentadores, adeptos e até atletas! Cruyff dizia "...nunca vi equipas marcarem golo, jogadores sim.”. Mas, quantos são os casos de atletas com (evidente) talento que acabam por não vingar nos principais palcos competitivos? Imensos!! Lembra-se do caso do Fábio Paim (formado no Sporting)? Na altura falava-se que seria ainda melhor do que Cristiano Ronaldo! Porque é que este talento (tal como outros) não vingaram nos grandes palcos competitivos? Pois bem, a Ciência consegue explicar este fenómeno. Sabe-se que a formação de um atleta de topo implica o desenvolvimento de factores biológicos (e.g. técnica e física), psicológicos (e.g resiliência) e sociais (e.g. comunicação e empatia). No caso do Fábio Paim está reportado que houve uma dificuldade no desenvolvimento (atempado) dos factores psico-sociais que (infelizmente) determinaram a manifestação de comportamentos desviantes. Este aspecto é declarado inclusivamente em depoimentos do próprio anos mais tarde após o início da sua carreira profissional. Por isso é que cada vez mais se investe no scouting para se encontrar (potenciais) atletas onde (parte considerável d-) estes factores já estejam desenvolvidos de forma inata (ainda que estimulados pelo ambiente!). Ou seja, encontrar pessoas que reúnam a melhor fusão e qualidade dos genes da mãe e do pai para serem manifestados numa certa função desportiva, neste caso jogar Futebol. Mas, este processo de scouting em encontrar talentos tem sido altamente ineficiente no passado, pois consome imensos recursos e é (em muitas situações) falacioso. Uma das razões prende-se com o facto de o processo de scouting basear-se na intuição e conhecimento empírico (apenas!) dos scouts. Como tal, o próprio processo de scouting acaba por ser baseado no talento do scout! Porque se diz (ou se sabe) que errar é humano, é que cada vez mais se concebem máquinas/tecnologias que minimizam o erro humano. E porque as máquinas não se constroem sozinhas, é aqui que a Ciência se posiciona e evidencia a sua importância para o desenvolvimento do Desporto. E prova disso é que cada vez mais clubes (de topo!) apostam na Ciência para a resolução dos seus problemas, como por exemplo no desenvolvimento de algoritmos (matemáticos) que com maior eficiência identifiquem talentos. A propósito da origem do talento, sabe-se que a grande parte dos jogadores de topo mundial é oriundo de uma camada social (vulgarmente dita) baixa. E há uma razão conhecida para explicar isto. É que estes meios são altamente favoráveis ao desenvolvimento de vários factores importantes para um jogador de futebol, como é o caso dos atributos motores/biológicos. Mas, por outro lado, alguns dos factores psico-sociais ficam em défice (por exemplo, a vulnerabilidade social e focus externo condutor a comportamentos desviantes). Felizmente, já é conhecido na Ciência abordagens que permitem colmatar estes défices. Porém, infelizmente, estas abordagens são pouco conhecidas (e aplicadas) pelas estruturas directivas de muitos Clubes Desportivos. E, consequentemente, acabam-se por perder os talentos. Um outro exemplo de que a Ciência é fundamental para garantir que não se perde um talento, é o processo de crescimento e maturação. Falemos do João Félix, que neste momento é amplamente falado como um talento (a ser) manifestado. De acordo com depoimentos públicos, o João Félix mencionou que quando jogava no Futebol Clube do Porto ele era criticado pelo seu (diminuto) tamanho, o que de certo modo condicionou o tempo e qualidade da sua prática desportiva. Ao ponto de ser menos valorizado e ser dispensado a jogar num clube satélite do FC Porto, o Padroense. Hoje em dia, o João Félix tem uma estatura superior à da média dos Portugueses masculinos, e a sua performance desportiva não é em nada condicionada pelo seu tamanho. E, sabe-se pela Ciência, que as etapas de crescimento e maturação não ocorrem nos jovens na mesma altura biológica, o que obriga uma correta avaliação para que tome as decisões certas. Melhor, é possível (cientificamente) determinar o estadio de desenvolvimento maturacional da criança/adolescente e estimar a dimensão corporal que o atleta atingirá em idade adulta. Portanto, talento é importante (ou melhor fundamental) mas este pode (e deve!) ser (cientificamente) identificado com eficácia.
Então, basta ter (adicionalmente) Prática?
A prática, por si só (i.e. per se), também não chega. Nem mesmo quando o talento está presente. Vejamos os dois casos de talento anteriores descritos. Ambos o Fábio Paim e o João Félix foram expostos a prática desportiva desde idades muito precoces (o que sugere um tempo de prática similar, que se admite de qualidade similar também). Porém, tiveram desfechos desportivos diferentes. Enquanto o Fábio Paim não conseguiu vingar nos principais palcos desportivos, o João Félix conseguiu (até à data!) vingar. Provavelmente houve um maior desenvolvimento de factores (diria psico-sociais) do rendimento que não alcançaram de igual modo os dois atletas. E, aqui também, a Ciência sabe quais as melhores práticas para as características individuais dos atletas (aquando inseridas num dado grupo), de modo a todos os factores de rendimento no atleta se possam desenvolver. Ou seja, não existe a melhor prática/método de treino. Existe uma melhor prática/método face aos princípios/modelo de jogo do treinador, onde sofre influência do comportamento colectivo da equipa e das características dos atletas. E por forma a objectivamente saber o que faz o atleta na prática, existem nos dias actuais tecnologias que permitem quantificar (minuciosamente) a prática dos atletas, de modo a que se possa (cientificamente) determinar a melhor prática para um determinado atleta. Por exemplo, duas medidas básicas são a distância percorrida total e a distância percorrida a velocidades elevadas (por norma superior a 20km/h). Tais indicadores permitem que o treinador modele o treino de forma a se aproximar à exigência física do jogo que se pretende competir. Mas, também é importante que consiga determinar a natureza da prática para maximizar o desenvolvimento do atleta. E, aqui, a Ciência também consegue diagnosticar qual a melhor abordagem. Por exemplo, sabe-se hoje em dia que (em muitas das situações) os factores psico-sociais são fundamentais para ganhar jogos. E, como tal, é fundamental (para alguns atletas) que se desenvolvam soft skills e capacidades intelectuais. Um bom exemplo é a inteligência emocional, que permite que um atleta com maior inteligência consiga produzir um menor esforço (físico) para garantir um mesmo resultado desportivo. Já existem vários treinadores a dizer isto... 
Portanto, qual a (nova) fórmula para ser Campeão? É aquela que adiciona o Factor C. Ou seja, parece ser esta:
Campeão = Ciência ? (Talento + Prática)

PS: Olhem lá para fora! Parece que já existem alguns Clubes a aplicar..."

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