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quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

Entre o Inverno e a Primavera

"Gostei de ver jogadores das duas equipas a respeitarem-se no fim, dando provas de que, não raro, são os melhores agentes deste desporto.

Um empate desequilibrado
O futebol é mesmo assim: o Benfica, pelo que jogou, poderia ter goleado o Sporting, mas esteve na iminência de perder o jogo. Não me recordo, pelo menos neste século, de uma tão enorme diferença entre as duas equipas. Basta dizer que o Benfica rematou 23 vezes e criou 9 oportunidades de golo. Jorge Jesus afirmou na conferência após o jogo que Rui Patrício não teve trabalho, o que até é parcialmente verdade. Mas as bolas que não entraram por cortes in extremis de outros jogadores, ressaltos de toda a sorte, barra e mãozinhas marotas são a prova do rolo compressor da equipa da Luz.
Não me vou deter na arbitragem. Acho que errou em alguns momentos decisivos, mas não vale a pena insistir. Umas vezes erros acontecem contra as nossas equipas, outras vezes favorecem as nossas equipas.
Apenas gostaria de voltar ao projecto do VAR. Para referir dois aspectos: o primeiro, para sublinhar que o decisor soberano dos 6 árbitros de cada encontro (o principal, os assistentes, o 4.º árbitro, o VAR e o assistente do VAR) é, apenas e unicamente, o árbitro que anda no relvado. Os outros ajudam ou desajudam, nada mais. Por isso - e aqui saúdo a interpelação de Rui Vitória - o 'puxa para cá, puxa para lá' entre o árbitro e o VAR tem sempre a possibilidade de, em última instância, ser clarificado e decidido pelo juiz soberano, através do visionamento das imagens no monitor instalado junto do relvado. Nós não conhecemos o diálogo entre o estádio e a 'cidade do futebol' onde reside o VAR (pena é, porque aumentava o rigor e a transparência de processos), mas, admito como razoavelmente provável, que a conversa entre eles, por exemplo no caso de reclamados penáltis no dérbi lisboeta, seja do tipo 'provavelmente foi penálti (ou não) mas não temos 100% de certeza'. Então porque é que o árbitro principal se encolhe e se esconde sob o árbitro (não definitivo) do VAR e evita ir ele próprio ver e rever as imagens no local do 'crime'? Para que serve, afinal, o VAR se só opina com eficácia decisória quando tem 100% de certeza de que foi ou não foi falta, ou como se diz em jeito de pleonasmo, quando tem a 'certeza absoluta'? Para o futuro e no caso de grandes penalidades (marcadas ou por marcar) não deveria ser obrigatório o visionamento da jogada pelo árbitro? Admito que as coisas melhoram neste sentido com a maturação do novo sistema. Ouço, por vezes, a crítica que, em tese, se pode fazer a este visionamento pela interrupção maior do jogo, mas, sinceramente, há situações (na Luz, houve algumas) em que mandaria a justeza da decisão que o árbitro fosse verificar com os seus próprios olhos o que, ao vivo, pode ou não ter sido um erro.
O segundo ponto está ligado à linha virtual para aferir da situação de fora de jogo. Onde está agora quem veio envenenar os comentários e apreciações dos jogos e respectivas transmissões televisivas afirmando, preto no branco, que o VAR se baseava nas tais linhas que vemos na televisão? Afinal, dizem-nos agora que a razão para o golo do Sporting ter sido validado - e não me custa admitir que o tenha sido, porque defendo que o fora-de-jogo milimétrico e apenas detectado numa repetição com imagem parada pode não ser assinalado - se prende com a circunstância de o VAR não ter essas ou outras quaisquer linhas. Será assim tão difícil ter um software exclusivo do VAR para ajudar a que haja mais justas decisões?
Uma última nota: gostei de ver os jogadores das duas equipas a respeitarem-se no fim de um jogo vibrante, assim dando provas de que, não raro, são os melhores agentes deste desporto.

Eis a 2.ª volta
Disse atrás que o Benfica bem poderia ter sido o indiscutível vencedor do grande dérbi nacional. Apesar de tudo, além de uma exibição de qualidade, com vontade e determinação que vulgarizou o adversário, o golo quase no fim vale mais do que aparenta. Aquela partida, antes de começar e quase conhecida a vitória sofrida do FCP em Santa Maria da Feira, tinha para o Benfica uma amplitude de ficar a 3 pontos dos dois rivais (no caso de vitória) ou a 12 pontos (no caso de derrota). Com Sporting a vencer perto do fim, era esta última distância que pairava no meu espírito desalentado, ou seja, por outras palavras, uma remota possibilidade de vencer o campeonato. O golo de Jonas limitou muitos os danos, pois que diminui de 12 para 8 pontos a distância para o conjunto das outras equipas. Um remate com um efeito psicológico reparador e estimulante (foi absolutamente notável o apoio à equipa durante todo o jogo e após a sua conclusão) e com uma redução de 4 pontos ao dramático cenário que esteve prestes a acontecer.
É ainda uma distância relevante? É evidente que sim, mas longe de ser impossível de superar. Quanto à diferença para o Sporting, o Benfica continua a depender apenas de si. Quanto à do Porto, é verdade que não depende apenas do Benfica, mas muita água pode correr ainda por baixo da ponte, quando falta uma volta completa por disputar. Já no sábado um jogo crucial e bem difícil em Braga.

Rafa e não só
Estamos no defeso do frio. Uma invencionice para agradar aos poderosos e encher os bolsos de comissionistas e afins. No nosso futebol doméstico, o Sporting tomou a dianteira e anda para aí a contratar à tripa forra. Não se trata tanto - usando a gíria desportiva - de pôr a carne toda no assador, mas de pôr toda a liquidez (?) e receitas antecipadas (?) no marcador. Já o Benfica vai mais de devagar, o que até não é mau, se souber trazer jogadores de qualidade para alguns lugares chaves como, à excepção de Krovinovic, não soube fazer no defeso quente. Mas, ao mesmo tempo, este mês pode ajudar a reduzir a folha salarial e o elenco desportivo de algumas redundâncias e/ou inutilidades (para o Benfica, que não necessariamente para outros clubes). Em qualquer caso, gostaria que João Carvalho, um jogador muito promissor, continue na equipa a ganhar espaço e maturidade e que Rafa não seja 'emprestado'.
Detenho-me, por breves linhas, neste jogador vindo do Sp. Braga. Sei que não tem tido um desempenho satisfatório, sei que alguns adeptos não estão convencidos das suas capacidades, sei que foi um investimento vultuoso, mas, para mim, é um jogador que deve ser apoiado e acarinhado. É um atleta com um velocidade invejável (factor cada vez mais importante no futebol), tem uma técnica acima da mediania e capacidade de progressão. Reconheço que lhe falta o quase no momento da finalização ou do último passe e que está a ter dificuldades na passagem de um clube médio para um grande clube em que os erros são cruamente escrutinados. Dá a sensação de ser um jogador triste, algo ensimesmado, com falta de confiança e que precisa de ser motivado. Aspectos que podem e devem ser trabalhados pela equipa técnica. Aqueles minutos no dérbi lisboeta mostraram que pode render muito mais. Li que pode ser emprestado. Pela minha parte, acho um erro se tal suceder. O que ele precisa é de maior entrosamento e confiança não numa outra qualquer equipa, mas no Benfica. Força,Rafa!

Contraluz
- O caceteiro de patins: Falo de Pedro Gil, agora jogador do Sporting.
Um espanhol que, quase com 40 anos, ainda tem tanto de jogador genial, como de carácter belicoso, arruaceiro e desleal para com colegas de profissão. Na época passado, no Sporting - Benfica usou o stick como arma de arremesso. No sábado, acabou o jogo habitual 'tarantantan' de mau carácter. percebo por que não o querem em Espanha...
- O fiteiro de chuteiras: Fábio Coentrão
Não está em causa a sua determinação e profissionalismo, nem me interessam as juras eernas que antes fez ao clube que lhe proporcionou outros voos e muito dinheiro. Apenas me cinjo ao fingimento ridículo de uma agressão com cartolinas que lhe bateram suavemente nas costas e que suscitaram que rolasse pelo relvado contorcido com dores no pé. Ó homem, ao menos faça bem o teatro...
- O treinador jurássico: Arsène Wenger
Treinador do Arsenal, onde apenas conquistou 3 ligas, a última das quais há 14 anos, lá chegou aos 46 anos de idade e lá permanece imóvel há 21 temporadas, num recorde de permanência cuja verdadeira razão de ser é um enigma. No passado sábado, juntou ao seu percurso a mais precoce eliminação da Taça de Inglaterra contra uma equipa que milita na 2.ª liga e em lugar modesto. Só mesmo na Velha Albion!"

Bagão Félix, in A Bola

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