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quarta-feira, 10 de julho de 2024

"Uma certa robustez" na salvaguarda da natação


"Manuel Pancada da Silveira (1904-1911) foi fundamental nos primórdios e na manutenção das modalidades aquáticas no Clube

As primeiras braçadas da natação no Benfica foram em 1914, mas a modalidade só se evidenciou no final da década seguinte. Nesse período, Manuel Pancada da Silveira, alenquerense empregado no Banco Nacional Ultramarino, iniciou a sua curta carreira de nadador de competição no Clube, entre 1925 e 1932. Estreou-se na prestigiada Travessia do Tejo, em 1925, com um 11.º lugar, e destacou-se com algumas participações em festas de beneficência.
Enquanto atleta, teve maior expressão no polo aquático, alinhando em 47 jogos entre 1925 e 1933, com 10 golos marcador. Foi duas vezes campeão de Lisboa de terceiras categorias e bicampeão de segundas.
Pancada da Silveira defendia que a natação exigia 'uma certa robustez' e que o estilo de bruços era 'a melhor e mais racional ginástica para o corpo humano (e) o seu desenvolvimento pela harmonia no esforço dos membros'.
Enquanto dirigente, assumiu cargos em instituições desportivas relacionadas com a natação e nos órgãos sociais do Benfica. Cedo se ligou à secção de natação encarnada, da qual foi presidente entre 1931 e 1933.
A sua 'fé e trabalho inexcedíveis', enquanto seccionista, foram 'a força dinâmica' da modalidade encarnada, a braços com problemas como a falta de espaço para o ensino e treino, num terreno alugado na Doca. Projetou-se lançar uma jangada ao Tejo, mas foi impedida pela Administração do Porto de Lisboa. A 'falta de comodidades' dos rudimentares balneários, segundo Pancada da Silveira, motivavam a ausência de natação feminina no Benfica.
No inverno, os benfiquistas tinham de treinar nas piscinas cobertas de Algés, numa época em que se demorava mais de hora e meia e lá chegar. Não tardou a sentir-se 'a falta de novos nadadores'. Assim nasceu a Comissão Pró-Piscina para o Campo das Amoreiras, que teve na figura de Pancada da Silveira o presidente.
Houve momentos positivos, com os primeiros contactos internacionais do polo aquático, mas os negativos pesavam. Pancada da Silveira desabafou que seria 'preferível', com um golpe violento, eliminar esta secção do que vê-la morrer lentamente'. Efetivamente, o polo aquático foi extinto e a natação suspendeu a atividade antes de 1940. Ao longo do tempo, Pancada da Silveira envolveu-se na promoção da natação e não deixou de defender a sua importância no Benfica. Em 1978, aquando da inauguração da piscina do Benfica, foi um dos primeiros a entrar na água, gesto simbólico de vitória na luta pela vida das modalidades aquáticas.
Conheça outras figuras da história da natação do Benfica na área 3 - Orgulho Eclético, do Museu Benfica - Cosme Damião."

Pedro S. Amorim, in O Benfica

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