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sexta-feira, 19 de julho de 2024

Di María não pode ser o Ronaldo de Schmidt


"Alguém terá de explicar ao argentino que o seu ponto de partida já não pode ser o mesmo e ninguém melhor do que Rui Costa, amigo e líder do clube, para fazê-lo

Di María provocará sempre sentimentos contraditórios. Há o reconhecimento da sua importância no passado, e não só com a camisola do clube, porque atingiu níveis de grandeza, não completamente esperados aquando da primeira passagem, por gigantes continentais e pela Argentina. Junte-se ao estatuto – justo, reconheça-se, basta olhar para a despedida que lhe fizeram Messi e companhia – os números com que concluiu a segunda etapa na Luz e a dúvida ficará mais forte. O impacto individual foi grande numa equipa que falhou depois coletivamente.
Apesar de todo esse peso, o individual não garantiu mais do que um 2.º lugar na Liga e uma Supertaça. Notaram-se no argentino fragilidades naturais que decorrem da idade avançada e perda de potência e resistência muscular, e só um coletivo forte, com todas as peças no sítio certo, recolocará os encarnados no caminho do sucesso.
Ora, a influência de Di María junto de Rui Costa é grande. Há uma amizade que torna ainda mais complicado o papel do treinador. Daí que, perante as dificuldades em escolher o melhor 11 para cada encontro, ficando refém da obrigação de tê-lo quase sempre em campo – como aconteceu com Portugal e Cristiano no Euro –, e inclusive de gerir esforço para tê-lo a top para quando realmente preciso, como ficou demonstrado na primeira vez que o substituiu, é necessário defender desde já um Schmidt mais exposto do que na época anterior.
O arranque teve sinais positivos. Foram contratados jogadores que se enquadram melhor no modelo. A adaptação de Rollheiser também parecia estar a ser feliz, provando que o processo analítico chegara a conclusões interessantes. Há ainda jovens e outros menos jovens a dizer presente perante a chamada. Não faz sentido colocar tudo em causa.
Quer isto dizer que Di María não pode ser útil? Pode. Alguém só terá de lhe explicar de que ponto parte e cabe-lhe aceitá-lo. Ronaldo, por exemplo, todos sabíamos que não iria conseguir fazê-lo. O argentino, figura enorme do futebol mundial, terá de ser capaz dessa humildade. É muito dinheiro para ter no banco? É, mas pior investimento será se o clube não cumprir objetivos. Schmidt nunca montará (e bem) uma guarda pretoriana para sustentar Di María, já que contrariará as suas ideias e, por muito que custe a todos, o passo tem de ser dado. Liderado por quem realmente manda, protegendo o treinador: Rui Costa."

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