Últimas indefectivações

sexta-feira, 5 de junho de 2020

Cadomblé do Vata (rescaldo frio!!!)

"As reacções a quente aos infortúnios só nos deixam expressar os pontos de vista maus da situação. Aguardando umas valentes horas e a frio, já dá para identificar o lado bom da coisa. Ontem seria impossível, mas hoje consigo ver como o desastre da Luz até pode ter sido positivo para mim. Primeiro descobri que sou a pessoa ideal para com quem trocar dois dedos de conversa durante a madrugada. Depois, tirei as dúvidas e posso-vos confirmar que não tenho medo do escuro. A minha esposa também adorou a minha noite em branco, porque pôde dormir sem alguém a ressonar ao lado e não precisou de discutir quem se levantava para dar a bucha "forra-estômago" ao pequenote às 5h15, que irá recordar durante anos, os 170 ml de leite bebidos no colo do pai que nem para ele conseguiu sorrir.
Se me pedissem para dar um título ao jogo de ontem, eu escrevia "Relatório e Contas Trimestral do FC Porto". Foram 90 dias à espera dele e depois quando chegou, foi merda igual ou pior do que o último. Bem sei que futebol é técnica e táctica, mas deixem-me comentar isto pelo lado romântico do treinador de bancada: o que mais é preciso acontecer para os jogadores do SL Benfica se galvanizarem e entrarem em campo como Papoilas Saltitantes de garras afiadas? O olhar acomodado e infeliz que havia sido detectado à Beira Sado nos nossos atletas, foi o mesmo que ontem se exibiu para os cachecóis ululantes das bancadas da Catedral.
Falava esta semana com o André dos Estores sobre a questão da motivação, ainda com a visita a Setúbal na memória. Um Glorioso que precisava dar uma machadada nos maus resultados foi (devia ter sido) espicaçado por declarações estúpidas do guardião adversário. Pode ser impressão minha, mas há 25/30 anos atrás, tamanha desfaçatez georgiana tinha dado direito a que os 2 primeiros cantos a nosso favor fossem batidos para a zona do guardião, com o Mozer a carregar sobre ele inopinadamente em ambas as vezes. De sorriso nos lábios e sem levar a mão à boca, José Carlos Nepomuceno Mozer esticava o braço a Makaridze e enquanto o ajudava a levantar repetia-lhe "respeita o Benfica cabrão". Samaris e Dias estiveram em campo no Bonfim e nem dele se aproximaram e se bem me recordo os 2 primeiros cantos surgiram já ia bem avançado o ponteiro do cronómetro.
A recepção ao Tondela podia significar a subida ao topo da tabela isolado, capitalizar a abébia azul e branca e marcar a posição de "tremam filhos da mãe, porque nós regressamos fortes para o que falta jogar". Esperavam-se 90 minutos de corta relva e BTV obrigada a desligar microfones, para poupar os telespectadores à gritaria e calão avulso. O que tivemos foi hora e meia de constante câmara lenta, enfado estampado nos olhos dos que por ali andavam passeando o Manto Sagrado e uma Catedral transformada em Santo Sepulcro de onde apenas emergia a voz de Cláudio Ramos mandando subir ou clamando por Pepelu... ou então era um adepto do lado de fora a gritar "não jogam um cú"."

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