"Na primeira época ao serviço dos 'encarnados', José Augusto tornou-se peça-chave da equipa
A tristeza que advém do final do verão é debelada pelo início da época de futebol. Os dias quentes junto ao mar são substituídos por um lugar na bancada, torcendo pela vitória da nossa equipa. A expectativa em relação às novas contratações é mais um motivo de interesse.
Para os jogadores, a pressão dos primeiros jogos, considerados como vitais para a afirmação na nova equipa, é enorme. Se, para um atleta desconhecido da generalidade dos adeptos, a pressão de mostrar as suas qualidades o mais rapidamente possível é tremenda, essa pressão é ainda maior para um futebolista de qualidade reconhecida. José Augusto, proveniente do Barreirense, era um desses casos. Imprensa e adeptos aguardavam, ansiosos, por ver como o extremo se adaptaria de 'águia ao peito'.
No dia em que ficou concluída a sua contratação, o extremo realizou a primeira partida pelos 'encarnados', a 1 de Setembro de 1959, num jogo particular frente ao Oviedo. Apesar de ter jogado apenas 20 minutos, deu nas vistas ao concluir as duas primeiras jogadas de perigo, com um cabeceamento para boa defesa de Carlos Gomes, guarda-redes dos espanhóis, e um remate que passou junto ao poste. O pouco tempo em campo foi suficiente para convencer a imprensa: 'trata-se de um jogador tecnicamente muito bom e que em Portugal não tem quem se lhe iguale no jogo de cabeça'.
Alto, de recursos ilimitados, elegante e com sentido de oportunidade, José Augusto estreou-se a marcar na 2.ª jornada do Campeonato Nacional frente ao SC Braga, num movimento de classe, 'com um toque de calcanhar', na vitória por 3-0. Temível pelos seus dribles e cruzamentos teleguiados, o extremo também se destacava pelas suas constantes diagonais, aparecendo com frequência no centro da área para cabecear, sendo fundamental no processo ofensivo dos 'encarnados', tanto com assistências como com golos. José Augusto tornou-se indiscutível no 'onze' benfiquista, foi o melhor marcador da equipa, com 19 golos, e o Clube conquistou o Campeonato Nacional.
De 'águia ao peito', tornou-se ídolo e escreveu o seu nome a tinta permanente na história do futebol. Apelidado de 'Garrincha da Europa', o seu talento encantava os adeptos, independentemente do clube pelo o qual torciam. Os génios têm o condão de deixarem de ser encarados como adversários para passarem a ser vistos como artistas, que dão cor a um desporto já de si tão deslumbrante. José Augusto era um desses artistas, com jogadas que levantavam o estádio e com jogos que faziam com que os adeptos o carregassem em ombros.
Saiba mais sobre um dos melhores jogadores portugueses de sempre na área 23 - Inesquecíveis do Museu Benfica - Cosme Damião."
António Pinto, in O Benfica
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