"Para Karl Marx (1818-1883), o lazer é o “espaço do desenvolvimento humano”; para Pierre-Joseph Proudhon (1809-1865) é o tempo das “composições livres”; para Auguste Comte (1798-1857), é a possibilidade de desenvolver a “astronomia popular”; Friedrich Engels (1820-1895) reclamava a diminuição das horas de trabalho “a fim de ficar para todos o tempo livre suficiente para participarem nos assuntos gerais da sociedade”. Retiradas da obra de Dumazedier (1962), este conjunto de citações serve de introdução à noção de lazer avançada por este autor: o lazer é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo se pode entregar livremente, seja para desenvolver a sua informação ou a sua formação desinteressada, a sua participação social voluntária ou a sua livre capacidade criadora depois de ser separado das suas obrigações profissionais, familiares e sociais. Para este autor, o lazer engloba ainda três funções: desenvolvimento, descontracção e divertimento. O lazer, apesar de ter sempre existido de uma forma directa ou indirecta, tornou-se reconhecido como um direito por parte da população, especialmente após a Revolução Industrial e, principalmente, após a Segunda Guerra Mundial. Os lazeres são valorizados relativamente ao trabalho. Progressivamente, os indivíduos procuram o bem-estar pessoal e o hedonismo. A emergência desta nova sociedade dos lazeres desportivos torna-se visível com o surgimento de grandes armazéns de desporto (Go Sport, Decathlon, etc.). Nesta sociedade de consumo, os indivíduos aspiram a “aproveitar a vida”. As palavras de Horace, “Carpem diem”, encontram aqui, de certa forma, o seu sentido. A pluriatividade ou “multiprática”, e o “zapping desportivo”, não cessam de ganhar terreno no seio dos praticantes desportivos, que procuram, assim, colmatar o aborrecimento, mudar de horizontes e de prazeres (Lipovestky, 2006)."
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