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sexta-feira, 11 de outubro de 2019

Jorge Jesus: oops, he did it again

"A propósito de um erro que já tinha sido visto no Sporting

Jorge Jesus tornou-se um fenómeno no Brasil e não foi por acaso: o treinador está a fazer um trabalho absolutamente fantástico à frente do Flamengo.
Chegou ao clube carioca com oito pontos de atraso para o primeiro lugar e já soma oito pontos de avanço na liderança, no fim de uma sequência de dez vitórias em onze jogos no Brasileirão.
São números admiráveis, sem dúvida.
Por isso todos os elogios que Jorge Jesus tem recebido, todos sem excepção, lhe assentam bem. Fazia sentido, aliás, que este texto fosse um chorrilho de mais elogios.
Mas não é.
Não o é, aliás, por uma simples razão: porque não consigo perceber o abismo que Jesus tem por centralizar em si próprio os aplausos nos momentos bons da equipa.
Esta madrugada, depois de vencer o Atlético Mineiro e de cimentar a liderança do campeonato, o treinador português voltou a fazê-lo.
«Penso que vou deixar um legado não só no Flamengo, mas no futebol brasileiro», disse.
O que me trouxe à memória outra frase: após um grande jogo do Sporting em Madrid, para a Liga dos Campeões, Jesus centrou nele os louros.
«Se é uma equipa treinada por mim, tem de ser a melhor», referiu na altura.
O que é certo é que depois disso o Sporting nunca mais foi a melhor equipa. Terminou a Liga em terceiro, foi eliminado na fase de grupos da Champions e da Taça da Liga, e nos quartos de final da Taça de Portugal. A época terminou sem títulos e sem saudades.
Podia ter servido de lição. Mas não.
Jorge Jesus sabe tudo sobre o jogo, fala com o coração junto à boca e é um apaixonado sem freio, mas infelizmente para ele não sabe tudo sobre gestão de grupos. Não percebe, por exemplo, que os jogadores têm um ego enorme, habituados que estão a ser sempre mimados e acariciados.
Para pessoas assim, como são os jogadores, não chega um treinador fazer dez elogios a dizer que eles são os melhores, se por uma vez que seja se disser que afinal o melhor é ele. O orgulho deles fica irremediavelmente beliscado.
Não percebo como ao fim de tanto tempo Jesus ainda não percebeu isso."

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