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quinta-feira, 8 de novembro de 2018

Benfica, quo vadis?

"Ser responsável pelo Benfica será das funções mais exigentes de Portugal. Existirão outras igualmente exigentes, mas esta tem as suas peculiaridades. No Benfica nunca se trata de ganhar o presente. Impõe-se preservar o passado, ganhar o presente e transmitir a certeza de ganhar o futuro. É, de facto, muita ponderação em simultâneo, mas não é menos que isto continuar o Benfica que amamos. A responsabilidade no Benfica e pelo Benfica tem de ser partilhada. Não poderia ser de outro modo numa organização profissional que agrega mais de mil pessoas. É, sobretudo, para os responsáveis anónimos, para esses benfiquistas de primeira que fazem o Benfica acontecer, que vai o meu primeiro apelo: nunca esmoreçam, vocês contam muito e o Benfica conta convosco. A responsabilidade nas áreas visíveis é de outro tipo, mais relacional: a máxima responsabilidade para a máxima recompensa. Não me refiro apenas ao elemento patrimonial, por si só muito significativo, tenho em mente a realização superior de ser, incondicionalmente, o Benfica e do Benfica.
É nesta tensão de corda esticada que vivem Luís Filipe Vieira e Rui Vitória. São os comandantes chefe e operacional. Deles se espera o impossível e se exige o possível, a eles se recorre nos piores momentos porque nos bons a glória é colectiva. Nunca serão desculpados se falharem. Serão eternizados se conseguirem. Rui Vitória não conseguiu o ano passado. E desse mau momento é difícil livrar-se. Não está condenado, mas presume-se culpado e vão-se esgotando argumentos abonatórios. 
Luís Filipe Vieira tem outro lastro, tem assegurado o seu lugar na história do Clube. Aqui chegados, olho muito mais para o conjunto que estes dois representam do que para aquilo que cada um pode fazer individualmente. O falhanço de Rui Vitória será um falhanço de Luis Filipe Vieira. Será uma prova de que a gestão não resolve tudo. Será questionada a competência de muito boa gente, dessa estrutura, alguns julgados intocáveis. Dir-se-á que as enfatizadas competências transversais não tapam o buraco da incoerência na gestão do futebol nos tempos mais recentes.
Serão julgados pelo que se sabe e pelo que se possa deduzir. Serão escrutinadas parcerias. Virá um período de instabilidade que afastará o foco dos pontos estratégicos: as eleições da Liga de Clubes no próximo ano e o projecto da superliga europeia. Mesmo a desejada separação entre o judicial e o desportivo formará uma amálgama de interrogações: quem? Como? Porquê?
Quanto a Rui Vitória, enfrenta o anátema da incapacidade se chegar a Dezembro com uma tendência de repetir, ou superar, o registo negativo da época passada, afastado de tudo o que queríamos que ganhasse e, por isso, afastado de todos. Não são, pois, apenas dois jogos, contra o Ajax e Tondela. São os jogos do futuro próximo do Benfica e do valor da sua marca. Depois destes virão outros desafios, mas estes são para ganhar. Sem hesitações nem desculpas de qualquer espécie."

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