Últimas indefectivações

terça-feira, 21 de julho de 2015

Nos meandros da Parceria de Félix Bermudes

"A Parceria deu nova vida ao teatro português e o seu sucesso foi tal que os seus ecos chegaram mesmo a terras brasileiras.

Para além de grande desportista de diversas modalidades, fundador e dirigente do Benfica, Félix Bermudes possuía também uma grande paixão pelo Teatro. Ernesto Rodrigues, antigo colega de escola, não gostava de escrever sozinho e lá convenceu Félix a dar-lhe uma mãozinha.
Em 1907, estreou-se com a opereta O Tira-Dentes. Um sucesso! Desse momento em diante, a sua vida ficaria para sempre ligada ao Teatro e uma Parceria coroada de êxitos que tanto divertiu Portugal de norte a sul, com peças como O Conde Barão, O Amigo de Peniche ou Arroz Doce. Merecem especial referência duas obras que foram adaptadas ao cinema e que se tornaram em verdadeiros clássicos: O Leão da Estrela e João Ratão.
Mas o que era a Parceria? Nas palavras de Félix, foi um 'triunvirato de autores teatrais que durante vinte anos encheu os palcos de originais portugueses ou de peças estrangeiras seleccionadas e adaptadas à feição do nosso público'. Para além do dirigente benfiquista, integravam o grupo Ernesto Rodrigues e João Bastos, contando ainda com participações esporádicas de André Brun, Pereira Coelho e Lino Ferreira.
Curiosas e invulgares eram as técnicas usadas pelos membros deste grupo na busca da desejada qualidade das peças. Na sua mesa de trabalho existia um enorme chocalho ligado a cada lugar: quando um dos autores escolhia uma ideia sem interesse ou fazia uma piada sem graça, o 'carrasco' puxava os cordelinhos, enquanto a 'vítima' se ria a bandeiras despregadas. Outro dos processos consistia num certo virtual para o qual se jogavam os papéis contendo banalidades que poderiam tirar a virtuosidade ao argumento. Bastava para isso que, depois de lida, um dos autores presentes dissesse: 'Cesto'!. Porém, vezes houve em que algumas dessas ideias foram resgatadas e aproveitadas para dar o 'ar da sua graça' nas suas peças. Havia ainda um prato no qual eram colocados todos os disparates ditos ou escritos e os erros de ortografia. A asneira permanecia nesse prato até surgir outra pior que a substituísse.
Segundo Félix, a receita para um sucesso tão duradouro foi simples: 'respeito pela profissão, apreço mútuo, mocidade espiritual e alegria'.
No Museu Benfica - Cosme Damião, pode conhecer mais sobre a figura de Félix Bermudes."

Ricardo Ferreira, in O Benfica

Sem comentários:

Enviar um comentário

A opinião de um glorioso indefectível é sempre muito bem vinda.
Junte a sua voz à nossa. Pelo Benfica! Sempre!