Últimas indefectivações

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Estatuária estatutária (I)

"Cristiano Ronaldo tem, ainda antes de completar 30 anos de idade, uma imponente estátua de bronze no Funchal, sua cidade natal. Muito se tem escrito sobre o tamanho, o material, o financiamento, a maior ou menos parecença com o homenageado. Em particular, por cá e sobremaneira nalguns media estrangeiros, disserta-se sobre derivados falicamente muito generosos que, no contexto da hoje impositiva globalização pansexual, muito irá contribuir para o falatório, o anedotário e a profusão de selfies certificadoras da protuberância a três dimensões.
Lembro-me de um frase de Carlos Drumond Andrade que li algures: «A estátua não faz reviver o grande homem, porém serve de ponto de referência para transeuntes». Neste caso, porém, Cristiano Ronaldo está bem vivo e activo. Já quanto à referência aos transeuntes está garantido o sucesso.
Mas não é tanto desses aspectos que agora escrevo. Refiro-me, antes, à oportunidade desta estátua no tempo. Claro que o nosso grande jogador - que orgulha Portugal - merece todos os encómios e galardões. Tem (e terá, por certo, ainda mais) troféus, bolas e botas de ouro, ordens honoríficas, acervos museológicos, esculturas de cera, biografias e muito mais. Mas, na minha opinião talvez a enorme estátua venha antes do tempo certo. A norma (que embora o sendo, também é passível de excepções) na estatuária e na toponímia é que a eternização de um vulto a celebrar se faz após a sua morte. E mesmo em vida, haverá melhores momentos para exaltar uma notável carreira que ainda está bem longe (esperamos) do fim. Por exemplo, depois de terminada a sua carreira de futebolista."

Bagão Félix, in A Bola

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