"De forma que emociona e desafia, continua tudo em aberto, o que é uma forma de celebrar e preservar a magia do Futebol, deixando de lado as baixas manobras que tentam ferir de morte a 'Verdade Desportiva', expressão que, sendo franco, me causa alguma irritação, até por ter dificuldade em defini-la em termos filosóficos e por a ver tão banalizada pelo excesso de uso no espaço mediático.
A verdade é que o Benfica e o Braga jogaram um grande jogo de Futebol, daqueles que dignificam o espectáculo e nos fazem esquecer todos os aspectos sombrios que amiúde o degradam e lhe roubam claridade e beleza. Não houve truques nem bizantinices tácticas, porque todos deram tudo, num jogo que, como dizem os especialistas, depressa ficou aberto, ou seja, em condições de ser alterado graças a uma centelha de criatividade, a um momento de iluminação ou a uma jogada magistral como a concebida por Gaitán e Bruno César, que deu a justa vitória ao Benfica, deixando-o bem posicionado no trio da frente (coisa diferente de 'troika'), ainda com todas as contas a poderem ser feitas e desfeitas.
Estes são os jogos que valem a pena. Os que mantêm o ritmo cardíaco elevado até ao fim e que exigem dos jogadores um grau de entrega e um engenho que não se compadecem com calculismos ou outros expedientes. O Braga mostrou as virtudes e méritos que o fizeram chegar ao lugar em que está e o Benfica deixou claros os argumentos em que continua a assentar a sua ambição de conquistar o título.
Desta vez, não sei se alguém teve sentido de humor bastante para pedir a pastilha a Jorge Jesus, mas eu sei que fiquei sem nenhumas de reserva, tão grande foi a tensão até ao apito final.
Num país cabisbaixo, como o definiu Alexandre O'Neill nos idos da Ditadura, é saudável ver que a adrenalina sobe quando, no topo (e não falo do universo da Política), tudo está em aberto, por decidir, por conquistar. Pelo menos nisto, a famigerada 'troika' parece não ter ainda poder de decisão."
José Jorge Letria, in O Benfica
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