"Pinto da Costa começará a estar velho e cansado. Só isso pode justificar que um homem que sempre foi conhecido pela arte de conseguir as melhores ironias do futebol português, as tenha trocado por dislates como aqueles que foram reproduzidos como sendo a sua disparatada reacção à agressão, no Porto, a um vice-presidente do Benfica.
Antes, Villas Boas tinha parecido demasiado cauteloso e hesitante a condenar o acto de vandalismo a que fora sujeito um cidadão. Depois da aparição de Pinto da Costa, Villas Boas passou a ser um pedagogo e um exemplo a seguir.
Não se entende, sequer, a lógica do presidente do FC Porto. Acreditando que dele emana todo o poder, acha-se no imperial direito de decretar que uma agressão vista e testemunhada por terceiros é uma simulação e uma palhaçada.
Algo de muito sério tem de perturbar um homem que, tendo responsabilidades, assim reage em público e para o público.
Não faço ideia do que poderão pensar e dizer sobre isto os seus habituais anfitriões da Assembleia da República, nem aqueles seus apaniguados que, sendo racionais e sérios, costumam achar uma imensa piada a tudo o que o homem diz.
A verdade é que, sem entender muito bem porquê, Pinto da Costa sente que tem mais do que suficientes razões para se sentir acima da lei e do imperativo de reconhecer os mais elementares direitos de qualquer cidadão que não seja, de uma só vez, portista e pintista.
Sabe-se que, no futebol, a democracia costuma ser uma aberração, mas há limites para tudo. Pinto da Costa poderia dizer que desconhecia o que sucedeu, até que não tinha opinião formada sobre o assunto, mas não podia cometer a irresponsabilidade de poder parecer que está do lado dos agressores."
Vítor Serpa, in A Bola
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