"EM LONDRES, COSTA
PEREIRA FOI TRATADO
COMO UMA ESTRELA
Num tempo em que o futebol se entrelaçava cada
vez mais com os holofotes da televisão e com a
febre mediática que fazia nascer
ídolos à escala global, Costa
Pereira teve uma experiência
inesquecível.
Com o brilho das campanhas
europeias da década de 1960, o
Benfica encantava a Europa. Os
seus jogadores tornavam-se
símbolos de excelência, e a
curiosidade da imprensa estrangeira era insaciável. Na temporada 1964/65, o convite do Chelsea
para um jogo de beneficência foi
o ponto de partida para um episódio inusitado.
Na primeira vez que os dois
clubes se encontravam, a im -
prensa inglesa aproveitou a ocasião para saber mais sobre a
equipa que deslumbrava nos relvados europeus. Solicitou a presença de um jogador para se
encontrar com os media e para
participar num programa de televisão. A escolha recaiu em Costa
Pereira. Sem saber o que o esperava, partiu para Londres duas
semanas antes do encontro.
Assim que pisou solo britânico, o guarda-redes português foi
engolido pela voragem mediática.
“Mal saí do avião, fui logo rodeado
de jornalistas, fotógrafos e operadores de TV, que me tratavam
como seu eu fosse a BB”, contou,
incrédulo. Num salão apinhado
de jornalistas, foi bombardeado
com inúmeras perguntas sobre o
Benfica, acerca das características da equipa, mística do Clube,
sistema disciplinar, temas de
ordem técnica, táticas adotadas,
projeção do Clube no desporto
português e quais as modalidades desportivas praticadas.
A curiosidade sobre o universo
encarnado era imensa.
A entrevista estendeu-se além
do tempo previsto. Quando chegou ao programa de televisão
onde devia participar, o momento
já tinha passado. Por isso, nos
intervalos dos programas seguintes, em vez de passarem os spots
publicitários, eram transmitidas
imagens suas e excertos da sua
conferência de imprensa.
Após um dia digno de estrela
de cinema, Costa Pereira confessou um episódio que achou
engraçado durante a conferência
de imprensa: “Ofereceram-me
um whisky, que muito me apetecia, mas, como momentos antes
falara de determinadas restrições que são impostas aos jogadores do Benfica, por uma questão de coerência, não aceitei.
A minha recusa admirou muito
os presentes, mas eu não queria
deixá-los a pensar que, por estar
só, não respeitava o regulamento
do Clube.”
Saiba mais sobre este excecional guarda-redes na área 23
– Inesquecíveis, do Museu Benfica – Cosme Damião."
António Pinto, in O Benfica

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