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sábado, 26 de outubro de 2024

Champions: incerteza no que era quase certo, exceto no teste do algodão


"Aston Villa e Liverpool lideram e há tubarões a sofrer, embora a nova Champions só tenha três jornadas realizadas. A incerteza faz disparar o interesse. Para muitos é o teste do algodão

Há uma nova Liga dos Campeões mais emocionante e propensa a algumas surpresas, ainda que apenas três jornadas tenham passado. Basta olhar para um Aston Villa, em que obviamente se reconhece competência, sobretudo desde a entrada de Unai Emery e Monchi, porém sem a capacidade de sedução dos gigantes do futebol mundial no diz respeito aos melhores jogadores, a dividir o primeiro lugar com o Liverpool. Ou para um Brest, construído desde janeiro de 2023, por um Éric Roy afastado do banco há mais de 11 anos, à base de emprestados, jogadores livres ou de clubes ainda mais modestos, no grupo dos segundos, onde também se encontra o Sporting campeão português e líder incontestado da Liga.
E não é só. É preciso descer bastantes degraus, até ao 19.º, para encontrarmos o multimilionário Paris Saint-Germain de Vitinha, João Neves, Gonçalo Ramos e Nuno Mendes, com quatro pontos. Mais abaixo ainda, no 23.º, damos conta do Bayern de João Palhinha, no 25.º do Milan de Paulo Fonseca e Rafael Leão e no 27.º do Atlético Madrid, todos com três apenas. Em 31.º anda o Leipzig de André Silva, líder da Bundesliga a par dos bávaros, sem qualquer ponto conquistado.
Embora o número de jogos represente já metade dos realizados no anterior formato da fase de grupos, embora pouco mais de um terço do atual, a consequência é uma incerteza enorme, de modo que se o Benfica tivesse ganhado ao Feyenoord seria hoje um dos líderes e assim, com a derrota, ocupa apenas o 13.º posto, um lugar de play off, antes de visitar a 6 de novembro Munique, uma cidade e, sobretudo, um adversário que escavam más memórias e alguns fantasmas nas profundezas da consciência coletiva encarnada.

A montra das fragilidades
No caso do Benfica e de muitos outros emblemas, a Liga dos Campeões é sempre a prova dos 9 à consistência e solidez dos respetivos processos e projetos desportivos. Ninguém joga para perder ou empatar, ainda mais numa competição remodelada, que acrescenta ao nível de dificuldade a falta de experimentação, e por isso, tirando um ou outro caso isolado em que alguma sobranceria possa ter aparecido, o mais provável é que todos estejam a colocar tudo o que têm, dentro do contexto do momento atual da época, em campo. É válido, por exemplo, para o Bayern, que goleou no Arena o Dínamo Zagreb (9-2), perdeu em Birmingham (1-0) e foi goleado em Barcelona (4-1), fazendo abrir naturalmente algumas fissuras na imagem de Vincent Kompany, que depois de não ter evitado a descida do Burnley chegou à Sabener Strasse com alguma estranheza, graças à recomendação do ex-treinador Pep Guardiola. O espanhol, por sua vez, tinha liderado com sucesso os bávaros antes de trabalhar com o belga em Manchester. Os resultados dos germânicos podem dar algumas esperanças a Bruno Lage, todavia continua a ser a besta negra europeia e com poder de fogo ao alcance de poucos.
O mesmo se pode aplicar ao Atlético Madrid, goleado na Luz por 4-0, depois de ter batido o RB Leipzig e antes de agora perder, no Metropolitano, com o Lille, quarto da bem menos atrativa Ligue 1, por 3-1. Os sete pontos que separam os colchoneros do líder Barcelona numa fase ainda precoce do campeonato espanhol dizem muito do momento que atravessa a equipa de Cholo Simeone. Essas fragilidades notam-se, obviamente, no teste do algodão que é a Champions, mesmo perante equipas que dificilmente na sua história irão ser consideradas tubarões.

O Bolonha na encruzilhada lusa
De regresso ao Benfica, a derrota não coloca em causa a chegada à próxima fase, mas a estrada fica mais estreita, deixando os tais 9 pontos dependentes da receção ao Bolonha, na antepenúltima jornada, se os encarnados não garantirem pontos nas difíceis saídas a Munique e Mónaco. E talvez não chegue. Não se sabe. É apenas um palpite da UEFA. Depois, há receção a um Barcelona que aparenta transpirar saúde – antes de um El Clásico que muito promete – e a visita à Juventus. É evidente que há demasiadas condicionantes, contudo não será totalmente errado dizer que este Feyenoord, que ainda se tenta ajustar ao dinamarquês Brian Priske e só agora parece ter convencido um pouco a crítica, estava entre as equipas consideradas acessíveis e dominou os portugueses, no seu estádio repleto e entusiasmado, moralizados desde a entrada do novo treinador, durante praticamente todo o encontro. Também para o Benfica ficaram expostas fragilidades que tinham sido bem maquilhadas até aqui por Bruno Lage e que vão certamente obrigar a retoques. Se todas as equipas podem ter acidentes, cabe agora ao grupo provar que não passou disso mesmo e voltar aos bons desempenhos e ao rumo estabelecido no pós-Roger Schmidt.
O Sporting cumpriu um plano bem delineado para bater o Sturm Graz e se chegar à frente na tabela, e o percurso parece estar bem aberto para ir mais longe na competição. No entanto, as visitas de Manchester City e Arsenal no próximo mês encerram uma exigência que os austríacos, o Lille e até um PSV muito bem trabalhado por um ressuscitado Peter Bosz não apresentaram. Se os leões não conseguirem pontuar diante dos favoritos ingleses, o que seria considerado sempre um bónus e um resultado extraordinário – mesmo com o exemplo da última época na Liga Europa diante dos gunners –, têm logo a seguir a visita a Brugge e, na última jornada, a receção ao Bolonha para chegarem aos pontos necessários, ainda que Leipzig esteja entre as duas partidas e não seja descabido extrair algo diante da equipa da Red Bull.
A UEFA terá, aparentemente, encontrado aqui uma fórmula para revitalizar a competição e até criar um pouco, pelo menos durante mais tempo, a dúvida sobre quem avança para a fase a eliminar. O efeito surpresa não durará para sempre, porém para já é reclinar na cadeira e apreciar o espetáculo. Que será sempre melhor com uma boa resposta das equipas portuguesas."

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