"O regresso do onze olímpico de Amesterdão para honrar a memória de Raul de Figueiredo
Quando o infortúnio bateu silenciosamente à porta de Raul Soares de Figueiredo, no início do mês de Dezembro de 1941, havia muito que o portentoso jogador já não alinhava pelo Benfica. Não tinha ainda 40 anos e deixava desemparados mulher e filhos menores.
A vida de futebolista iniciou-a no Vitória Futebol Clube, em Setúbal, onde vivia com a família. Foi aí que recebeu a alcunha que o iria eternizar, graças à profissão exercida pelo pai, que fazia tamancas, um tipo de calçado. Ainda jovem ingressou em diversos clubes de Setúbal e da capital, até ir representar, entre 1922/23 e 1925/26, o SC Olhanense.
Não havia dúvida de que possuía qualidades de grande futebolista: além de ter um remate poderoso, era forte nos driblings e cabeceamentos. Em 1923/24 venceu Campeonato de Portugal e, na sua última época no Olhanense, capitaneou a equipa que venceu o Campeonato Regional do Algarve.
Em 1926/27, ingressou no Benfica e envergou a camisola encarnada por duas temporadas. Foi nesse período que a sua carreira chegou ao auge, após a participação nos três desafios dos Jogos Olímpicos de Amesterdão em 1928, nos quais fez parte da 'linha média da equipa que ficou para a historia por ser uma das mais perfeitas do futebol português', com Augusto Silva e César Matos.
No primeiro jogo, a 'equipa nacional, a perder por 0-2, encontrou força de ânimo para vencer os chilenos por 4-2 - graças, à espantosa coragem de Tamanqueiro'. A imprensa foi unânime quanto à linha de médios portugueses: 'Os médios cumpriram, tendo-se distinguido Figueiredo pela sua forma especial de trabalhar a bola'. O sonho luso foi, no entanto, de curta duração, pois Portugal perderia com o Egipto nos quartos de final.
Treze anos volvidos, o onze olímpico de Amesterdão voltaria a juntar-se num jogo em honra do saudoso Tamanqueiro, um espectáculo desportivo de raro valor que 'deu lugar a tamanha manifestação de solidariedade que nos fez crer (...) que são duradoiras e fecundas as amizades que a prática do desporto faz contrair!'. Foi uma jornada digna, em que a equipa Onze Olímpico, mais eficiente e superior, venceu por 5-1 a Velha Guarda, capitaneada por outra glória do Benfica, Vítor Gonçalves. Ambas as equipas proporcionaram 'uma excelente tarde recordações - e um auxílio precioso para a viúva e filhos do grande jogador que foi Tamanqueiro'.
'De águia ao peito', Raul de Figueiredo realizou 52 jogos, marcou 9 golos e foi 9 vezes internacional. Saiba mais sobre este jogador e a equipa olímpica de Amesterdão na exposição temporária online Atingir o Olimpo - Participação dos Atletas do Benfica nos Jogos Olímpicos no site do Museu Benfica - Cosme Damião."
Carina Santos, in O Benfica
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